segunda-feira, 22 de setembro de 2025


 

Era ele que...


afirmava ser um exemplo de pessoa exemplar,

chorava quando via alguém chorando,

corria tresloucadamente pelos corredores da escola,

desconfiava dos que dele desconfiavam,

dizia jamais ter desdito alguma coisa,

falava com precisão daquilo que precisava,

ficava intrigado ao saber de intrigas entre vizinhos,

fingia que não sabia fingir,

gastava o tempo gastando dinheiro com patifarias,

havia prometido nunca mais fazer promessas,

imaginava não ter nenhuma imaginação,

julgava ser o melhor julgador,

lutava contra as lutas de classe,

contava como certa a contagem correta dos votos,

provavelmente não tinha provas de nada,

referia a si mesmo dizendo não ser digno de ter uma vida digna,

rezava por aqueles que não rezavam,

se mostrava pouco justo ao defender o sistema de judiciário,

sorria só para ver os outros sorrirem,

tinha jurado jamais fazer qualquer jura,

um dos tais que se achava “o tal”.

já não sabia que “já era”,

 


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