sexta-feira, 27 de março de 2009

Ironia



Minha saudade gosta de fazer uma “provocação”.
Já minha esperança prefere mangar do meu amor.
Enquanto a primeira faz cócegas no meu coração,
a segunda debocha do meu sofrer e da minha dor.

Minha lembrança também tira sarros de montão,
e minha ilusão avacalha o meu querer sem pudor.
Se uma apõe em minha alma um tanto de paixão,
a outra recobre minha mente de sonho devastador.

Ontem elas encontraram aqui no meio do meu peito
e fizeram a maior das algazarras que já vi na vida.
Contaram piadas e quase faltaram com o respeito.

Sabe - na verdade eu já acostumei com esta batida
e acho mesmo até que a mereço. Talvez por direito.
É que sem sofrimento não há sonetos. OK querida?

quarta-feira, 25 de março de 2009

S E G U R A - V - I D A




Antes que você esquente o cabeçote e se zangue,
com os simples versos que seguem à sua direção,
entra rápido dentro de você mesma e destranque,
suas válvulas, suas velas e a chave de ignição.

Verifique se tem lágrimas suficientes no tanque,
se seu afogador de desejos está em boa condição,
se seu sorriso ainda pega num primeiro arranque
e, não se esqueça, faça já um SEGURO do coração.

Faça ainda um teste no carburador de lembranças
e outro naquele velho amortecedor de esperanças,
pra que sua máquina jamais desgaste ou estanque,

este óleo finíssimo e vital, no caso seu sangue,
quebrando-lhe o câmbio de idéias tão magníficas,
porque no trânsito da vida não existe retificas.

terça-feira, 24 de março de 2009

Alegorias sobre o pensar


Pensar é

Filtrar o incipiente,
Sonhar finitamente,
Optar mentalmente,
Fazer o ID contente,
Divagar fisicamente,
Duvidar, certamente,
Viajar estaticamente,
Procurar o excelente,
Precipitar o evidente,
Meditar logicamente,
Indagar o finalmente,
Plantar uma semente,
Ater-se ao pertinente,
Extrapolar o aparente,
Instruir-se livremente,
Configurar o existente,
Agir psicologicamente,
Diagnosticar o ausente,
Provocar um incidente,
Contatar o Onipresente,
Querer sem precedente,
Avivar o subconsciente,
Julgar o que é diferente,
Coordenar intimamente,
Polemizar internamente,
Parir idéias, obviamente,
Recusar o inconveniente,
Opor ao condescendente,
Progredir precipuamente,
Consolidar o permanente,
Usar Deus, interiormente,
Projetar-se pessoalmente,
Imaginar hipoteticamente,
Consentir arbitrariamente,
Ser seu próprio confidente,
Manifestar o jeito de gente,
Depurar-se, espiritualmente,
Refletir uma luz permanente,
Expandir-se, universalmente,
Trazer o passado ao presente,
Atropelar a esperança latente,
Despojar-se intelectualmente,
Antever o futuro ali na frente,
Considerar o (in)conseqüente,
Fomentar o bem, praticamente,
Arar conhecimentos, utilmente,
Concatenar aquilo que se sente,
Praticar a razão, assertivamente,
Ativar uma lembrança iminente,
Avaliar um coração imprudente,
Atear fogo numa paixão ardente,
Vislumbrar vida no eternamente,
Equacionar o zero do coeficiente,
Conversar consigo, naturalmente,
Emergir em seu próprio ambiente,
Identificar a lógica numa vertente,
Educar-se de maneira convincente,
Questionar o ego, didaticadamente,
Comandar a vontade do consciente,
Desobstruir os escombros da mente,
Exercitar os neurônios cientificamente,
Encadear elos relativos de uma corrente
Fomentar na alma um desejo contundente,
Sei não... para mim,
Pensar é... pensar, simplesmente

segunda-feira, 23 de março de 2009

Saideira



Saideira


Se o ciúme chegar, saia fora;
Se a tristeza chegar, saia no ato;
Se a angústia chegar, saia de vez;
Se o orgulho chegar, saia logo;
Se a desonra chegar, saia da reta;
Se a dor chegar, saia pelos fundos;
Se o ódio chegar, saia que é fria;
Se a inveja chegar, saia depressa;
Se a maldade chegar, saia na hora;
Se o tédio chegar, saia atravessada;
Se a dúvida chegar, saia na rabeira;
Se a vaidade chegar, saia correndo;
Se o desespero chegar, saia com tudo;
Se a discórdia chegar, saia com jeitinho;
Se a lembrança chegar, saia de lado;
Se o fingimento chegar, saia despistada;
Se a difamação chegar, saia na zoada;
Se a subestima chegar, saia escondida;
Se o desrespeito chegar, saia naturalmente;
Se a desilusão chegar, saia de primeira;
Se a intolerância chegar, saia de fininho;
Se o egoísmo chegar, saia na cabeça;
Se a injustiça chegar, saia atrás;
Se a lisonja chegar, saia numa boa;
Se o ridículo chegar, saia devargar;
Se a solidão chegar, saia em disparada;
Se a ingratidão chegar, saia pela tangente;
Se o medo chegar, saia rasgando;
Se a impaciência chegar, saia com categoria;
Se a insensatez chegar, saia na carreira;
Se o mau humor chegar, saia rindo;
Se a mentira chegar, saia na balada;
Se a desesperança chegar, saia à surdina;
Se o vício chegar, saia na cara dura;
Se a descrença chegar, saia logo;
Se a falsidade chegar, saia pra lá;
Se o remorso chegar, saia da frente;
Se a saudade chegar, saia à francesa;
Se a paixão chegar, saia debaixo;
Se o desejo chegar, saia comigo;

Mas se o amor chegar, não saia, fique numa boa,
Porque, com certeza, você vai sair bonita na foto.

Data Kênnya




Data Kennya


Justiça seja feita. Não existe sorriso mais bonito,
nem voz mais tenra, nem olhar mais encantador.
Meu peito analisou, julgou e deu o seu veredicto:
esta mulher tem que ser condenada, sim senhor.

Vai ter que responder por este gravíssimo delito;
iludir, de maneira aviltante, um coração sofredor.
Data vênia, para que não fique o dito por não dito,
terá de comparecer ao Supremo Tribunal do Amor.

Eu sei que o processo é demorado e desgastante,
mas não me preocupo com isso. Tenho paciência.
O crime é inafiançável e traz ainda um agravante:

- a ré é portadora de uma simpatia contagiante
e sabe que o sonho aqui, já criou jurisprudência.
Quer fato mais legal, consensual e relevante?

sexta-feira, 20 de março de 2009

EspeciFIQUE



EspeciFIQUE


para que:
A nossa fé se intensiFIQUE
A nossa dor se simpliFIQUE
A nossa paz se ramiFIQUE

A nossa sorte se modiFIQUE
A nossa razão se gloriFIQUE
A nossa honra se digniFIQUE
A nossa moral se notiFIQUE
A nossa ilusão se retiFIQUE
A nossa inveja se mumiFIQUE
A nossa saúde se fortiFIQUE
A nossa justiça se qualiFIQUE
A nossa alegria se prontiFIQUE
A nossa poesia se gratiFIQUE
A nossa paixão se beatiFIQUE
A nossa tristeza se eletriFIQUE
A nossa vontade se santiFIQUE
A nossa amizade se ratiFIQUE
A nossa saudade se tipiFIQUE
A nossa bondade se classiFIQUE
A nossa liberdade se ampliFIQUE
A nossa tolerância se estratiFIQUE
A nossa dignidade se solidiFIQUE
A nossa esperança se boniFIQUE
A nossa lembrança se viviFIQUE
O nosso ódio se cruciFIQUE
O nosso sexo se ediFIQUE
O nosso viver se exempliFIQUE
O nosso saber se cientiFIQUE
O nosso medo se mistiFIQUE
O nosso sonho se uniFIQUE
O nosso perdão se certiFIQUE
O nosso espírito se puriFIQUE
O nosso destino se identiFIQUE
O nosso orgulho se putriFIQUE
O nosso silêncio se justiFIQUE
O nosso respeito se personiFIQUE
O nosso trabalho se frutiFIQUE
O nosso egoísmo se daniFIQUE
O nosso interesse se veriFIQUE

quinta-feira, 19 de março de 2009

Meu coração



Meu coração


Quem pergunta por ele não sabe,

quanto amor que ali dentro cabe.

Quem pergunta por ele não detém,

aos sonhos que ali dentro contém.

Quem pergunta por ele não repara,

o quanto a vida ali dentro é “cara”.

Quem pergunta por ele não percebe,

a paixão que ali dentro se concebe.

Quem pergunta por ele não observa,

o “calor” que ali dentro se conserva.

Quem pergunta por ele não imagina,

a verdade que ali dentro se confina.

Quem pergunta por ele não entende,

de uma dor que ali dentro se estende.

Quem pergunta por ele não acredita,

que amizade que ali dentro é bendita.

Quem pergunta por ele não comenta

um desejo que ali dentro se fomenta

Quem pergunta por ele não se reitera,

da esperança que ali dentro prospera.

Quem pergunta por ele não se dá conta,

do quanto a saudade ali dentro apronta.

Quem pergunta por ele não está nem aí,

de coisas que ali de dentro podem advir.

Quem pergunta por ele não se comove,

Da esperança que ali dentro desenvolve

Quem pergunta por ele não compactua,

De um amor que ali dentro se perpetua.

Quem pergunta por ele não consegue supor,

que ali dentro exista tanto, mas tanto, amor.

PORQUE

Quem pergunta por ele, jamais para e reflete,

que ali dentro mora alguém especial - Arlete