quarta-feira, 19 de junho de 2013

Minhas trovas III

Andando por toda parte,
sem rumo e sem direção,
espero um dia encontrar-te
no meio da multidão.

Pensamentos se dispersam,
como sonhos de criança;
os olhos é que conversam,
no bel momento da dança.

Preso por uma corrente,
e sem poder reclamar,
lá vai mais um inocente,
na vida a se complicar.


Sobrevoando Cabul,
lá no Afeganistão,
vejo um céu todinho azul
e uma saudade... do chão.


Procurando equilibrar
sentimentos e razão,
quase me vi despencar
da corda do coração.



Neste mundo de ilusões

em versos vou lhe propor
surfar as nossas paixões
na prancha do nosso amor.



Já cansei de procurar
essa tal felicidade;
deve estar em algum lugar
bem longe da falsidade.



Eu ando desconfiado

que você gosta de mim;
o seu jeito amalucado,
é que me faz pensar assim.


Quando chegar os extremos
de todos serem irmãos
com certeza então teremos
o planeta em nossas mãos.

A falta de sorte minha,
tem me deixado maluco;
eu morando na casinha,
e ela lá no Tejuco.

Eu não sou advogado,
e também não sou goleiro
mas defendo com agrado
o nosso amor por inteiro.



Dores a todas as provas;
Oh, meu Deus, como sofria!
mas resolveu fazer trovas,
e hoje só tem alegrias.


Este menino correndo
pra sua pipa voar
faz-me lembrar, remoendo,
tempo que não vai voltar

Coração órgão tolo
que bate pra complicar;
sem amor, sem consolo,
nunca deixa de amar.

Vendo o menino gordinho
desejando emagrecer,
lembro-me de outro magrinho,
sem nada para comer.


O dito que sempre digo
necessita acontecer
- doe sangue, meu amigo
pra outro amigo viver.









sexta-feira, 7 de junho de 2013

Fumante hilariante




Fumante hilariante


pelo sabor marcante,
pelo efeito calmante,
pela brasa flamejante,
pelo preço irrelevante,
pelo selo do fabricante,
pelo resultado delirante,
pela suavidade insinuante,
pela cortesia ao visitante,
pela propaganda que garante,
pela embalagem condicionante,
pelo fato de ser principiante,
pela vontade num dado instante,
pelo ouvir dizer que é elegante,
pela saudade de um amor distante,
pelo desejo de revê-lo exuberante,
pela solidariedade a um semelhante,
pela dependência do vício constante,
pela incoerência, um fator agravante,
pela leveza propalada pelo anunciante,
pela esperança, sentimento contagiante,
pela prática de um mau gosto alucinante,
pela marca que consagrou aquele farsante,
pelo ato de apreciar a fumaça borbulhante,
pelo fato de não ver aqui nenhum atenuante,
pela ilusão da nicotina, este mal excitante,
pelo trago, para desfazer o estado enervante,
pela condição de jamais ter sido extravagante,
pelo desrespeito aos convivas, por ser pedante,
pela necessidade besta de se mostrar um galante,
pelo conceito tolo de querer parecer um meliante,
pela maneira cretina de se exibir junto da amante,
pelo desconhecimento do mal, que sobrevirá adiante,
pelo momento de descontração em casa ou restaurante,
pelo despertar para a nova vida, agora uma debutante,
pelo jeito falso encontrado de se mostrar comunicante,
pela falta de opção, o que não deixa de ser revoltante,
pelo modo aparente de transparecer competente e atuante,
pelo combate a uma dor de dente, às vezes insignificante,
pelo acaso, aqui também, fator um tanto quanto repugnante,
pela sensação de uma calma que, às vezes, parece fascinante,
pela maneira de não perceber, ainda que de forma mirabolante,
que tudo isto só trará prejuízo para a sua saúde periclitante,




É mesmo impressionante.
Vamos lá, oh comediante!
Acho que já é o bastante:
Queima-se, todo arrogante,
outro cigarro, o ignorante,
mesmo sabendo que doravante,
terá, como fiel acompanhante,
um pulmão todo congestionante,
esclerosado, seco e asfixiante,
vítima de um câncer, fulminante,
causador de uma dor desesperante,
e daquela falta de ar angustiante.
E para deixá-lo bem mais irritante,
até hoje, este órgão tão importante,
que você mutila de forma exorbitante,
tem recusado todo tipo de transplante.
Não adianta olhar para o céu brilhante,
e pedir a Deus Todo Poderoso e Radiante,
que salve este filho que foi claudicante.
Não precisa fazer orações todo mendicante,
pois, para este vício que é tão apavorante,
e que o faz sentir assim tão desconcertante,
existe já uma solução - neste exato instante:
pare de fumar. Abandone este mal infernizante,
não fique rondando pela aí, sempre estonteante,
curtindo essa desgraça, nada, nada interessante.
Jogue fora esse maço de cigarros – vamos, avante!
Não queira ser mais um triste sofredor agonizante,
Ainda há tempo. Desta vez você irá sair triunfante.
Lembrará com tristezas dos tempos que viveu errante,
e deleitará com certeza, o quão lhe foi gratificante,
ter recebido, hoje, esta mensagem amiga e estimulante.
Verá que parar de fumar é saudável, é bom e edificante.
Depois, para os amigos, você não será somente figurante,
alguém que passou por esta vida como simples coadjuvante.
Você será considerado o homem forte que venceu um gigante.
Desculpa-me se lhe ofendo com o meu palavrório de feirante,
mas o que eu quero é vê-lo esbanjando uma saúde de elefante,
com aquele seu sorriso lindo e aquela sua maneira provocante,
de irradiar amor, alegria e com aquela sua simpatia flagrante,
eu quero é vê-lo curtindo a vida com uma felicidade incessante.
E, se eu tiver algum direito, eu quero também ser um integrante
do grupo amigos que você terá na sua nova vida, daqui por diante.
Receba então, o abraço fraterno do seu amigo de sempre: O Filante.

Cansei. Acho que agora eu mereço um refrigerante, bem refrescante. 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Jacqueline




Jacqueline



Há coisas que a psicologia não define;
há coisas que eu não consigo explicar.
Uma delas é esse sorriso de Jaqueline,
outra é como por ele fui me apaixonar.

Se gosto mesmo muito dela? Imagina!
Por vezes, penso até que estou a delirar.
Então paro; peço a Deus que me ilumine,
e que faça logo esta ilusão se dissipar.

Oh, quão bom e sublime é ser Espírita!
saber que, aqui, nada acontece por acaso
e sentir-se protegido por uma mão bendita,

que é Deus, com a Sua bondade infinita
e, ainda, talvez até com um pouco de atraso,
conhecer Jacqueline, esta mulher tão bonita.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

No meu coração



No meu coração


Aqui, no meu coração você tem:

um estacionamento privativo,

um estabelecimento único,

um atendimento prioritário,

um quarto aconchegante,

uma repartição individual,

um alojamento protegido,

um camarote reservado,

uma região privilegiada,

uma estação preferida,

um posto de comando,

uma dependência fixa,

uma área preferencial,

um cômodo particular,

um setor diferenciado,

um espaço garantido,

um ambiente próprio,

uma seção especial,

uma vaga exclusiva,

um cantinho só seu,

uma cadeira cativa,

um aposento certo,

um local predileto,

uma reserva legal,

um lugar peculiar,

um porto seguro,

um trânsito livre,

um sítio restrito.

terça-feira, 26 de março de 2013

Copela


                     
Copela

Amigo, vou revelar-lhe um segredo, mas, por favor, não espalha.
Ontem a lembrança e saudade se estranharam em meu coração.
A saudade chamou a lembrança de estúpida, de vil e de canalha
e ela respondeu chamando-a de vagabunda e de sem-ocupação.

Uma baixaria que, a princípio, pensei fosse apenas fogo de palha;
mas não; a coisa foi muito feia mesmo. Um verdadeiro dramalhão.
Se não fosse pela minha memória que também, por vezes falha,
talvez hoje eu não estivesse mais aqui. Estaria noutro mundão.

Mas, eis o motivo que deu origem a esta lamentável querela:
- a saudade resolveu visitar uma amiga que há tempos não via
e cujo nome não preciso nem dizer, pois você sabe: Gabriela.

A lembrança então ameaçou impedi-la valendo-se uma cancela.
Aborrecida, a saudade saltou-a e chegou tranquila onde queria.
Essas duas não se entendem mesmo. Brigam por qualquer bagatela.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pensar e amar



Pensar e amar


Pensar e amar são ações independentes
que se realizam em dois órgãos distintos:
- o pensar com sede em nossas mentes
e o amar nos corações, pelos instintos.

Incompatíveis, às vezes, sem precedentes,
tentam se acertar. Todavia seguem famintos
à busca de paz mas, por becos diferentes;
alguns, inclusive, há tempo, já extintos.

E tal como nascem, crescem e morrem,
também adoecem sem um trato bastante
que os deem forças para sobreviverem.

Cuidemos bem deles, pois, na pior das hipóteses,
temos corações rejeitando transplantes
e cérebros que sequer aceitam próteses.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Minhas trovas II




Que a justiça seja feita!
Proclamo até ficar rouco:
- Não há a mulher perfeita,
mas em você falta pouco...


Sejam trovas filosóficas,
sejam líricas ou de humor;
todas elas são retóricas,
quando escritas com amor.
É no ritmo de samba
e com muita harmonia
que a tristeza se descamba
e dá lugar à alegria.
Se você for dirigir,
faça um favor: nunca beba;
a desgraça pode vir,
sem que você a perceba.


Quando sigo para a roça,
eu passo por Brumadinho,
levando a imagem nossa,
mãos dadas pelo caminho.


As trovas, para fazê-las,
precisas de inspiração:
vá buscá-las nas estrelas
e as leia com o coração.


Leve todo esse minério,
de caminhão ou de trem,
mas não leve o mistério
do sorriso do meu bem.


Oh, Rio Paraopeba,
por favor, faça a fineza
de bem longe desta gleba
levar a minha tristeza.


Neste universo de provas
e também de expiação
aqueles que fazem trovas
têm mais resignação.


Foste muito inconsequente
nos teus modos de amar.
Não tem jeito, vá em frente,
pois a fila tem que andar.


Nas rimas, ele não falseia,
e com os versos é um craque:
este poeta de mancheia
é o nosso Olavo Bilac!

Dois corações em litígio
já querem separação:
um, por perda de prestígio
outro, por desilusão.



Dou sobrevida a você
que o mal me desejou:
apesar do misancê,
sua praga não pegou.
Eu não sei se devo crer
nesta minha intuição,
pois ela insiste em dizer
que você é uma ilusão.


Segue aqui o meu recado:
procure esquecer de vez
todo o mal já praticado
e todo bem que não fez.


Não veja nenhuma ofensa
nisto que vou lhe dizer:
- Amar só dá recompensa
se um outro amor florescer.


Zelosa no seu escrever,
Encantável no falar,
Natural sem perceber,
Íntegra sem se notar.


Meu coração sem malícia
sofreu - não se arrependeu;
deu-se, todo pra Letícia,
e só depois aprendeu.


Meu coração, muito enfermo,
resolveu curar-se assim:
naquele amor pôs um termo;
na saudade pôs um fim.


Só agora, já bem velho,
que a estudar me propus
todo o divino Evangelho
do nosso mestre Jesus.

Era tanta parcimônia
que até mesmo ao se casar,
bem antes da cerimônia
co'o padre quis pechinchar.


Eu fiz do meu peito um nicho,
para uma santa viver;
e descobri, por capricho,
que esta santa era você.





As dores, que destrambelhos,
parecem sem solução;
as suas... nos seus joelhos,
as minhas... no coração.



Quando eu tiver que deixar,
o meu mundo, meu cantinho,
quero em seus braços deitar
e morrer bem de mansinho.

Eu sinto muito informar-te:
ainda eu te quero bem;
serás de mim uma parte
por toda esta vida...amém!


Foi tentando te olvidar,
que eu me lembrei de ti;
e pus-me então a pensar:
- Será que pensas no Ary?

Como você amaria?
É assim que eu interpreto:
- Abraços na portaria
e beijos só por decreto.

Vejo, em um mesmo salão,
que hoje em dia, tudo pode:
ela... a fazer pé e mão,
e ele... barba e o bigode.

Nossa busca pela paz
tem sentido diferente:
você, de frente para trás,
e eu, de trás para frente.