segunda-feira, 23 de setembro de 2013

À disposição


À disposição

 

Coloco-me à sua disposição para:

brincar com você,

respeitar-lhe sempre,

proteger-lhe dos perigos,

comemorar suas vitórias,

compartilhar suas alegrias,

contar piadas para você rir,

calar quando você quiser falar,

dividir meu patrimônio com você,

ouvir suas queixas sem reclamar,

preparar os pratos que você gosta,

prestigiar seus projetos e iniciativas,

brindar um cálice de vinho com você,

cooperar com suas ideias e trabalhos,

vibrar de alegria com suas realizações,

orar pela sua paz e pela sua felicidade,

admirar a sua beleza e a sua inteligência,

passear com você na cidade e no campo,

dirigir bons pensamentos em sua direção,

conversar sobre assuntos de seu interesse,

perdoar e esquecer as intrigas e as ofensas,

falar palavras de amor e de carinho com você,

cantarolar as músicas que você gosta de ouvir,

estar sempre ao seu lado para o que der e vier,

escrever sonetos, poesias e acrósticos para você,

colaborar com o seu progresso material e espiritual,

desenvolver projetos de uma vida melhor para você,

construir uma amizade cada dia mais forte com você,

aceitar e respeitar seus momentos de querer ficar só,

aliviar, dentro das minhas possibilidades, suas tristezas,

emprestar meu ombro amigo quando você quiser chorar.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Verão



Verão


O verão voltou e um pernilongo resolveu me atacar:
- entrou sorrateiramente pelas frestas da minha janela,
pouco se importando com meu vasinho de citronela.
e sugou o meu sangue que deve ser doce para danar,


Também, um novo amor resolveu agora me molestar:
- entrou em meu peito, arrebentando tranca e tramela
e fez nele morada permanente para uma linda donzela,
sem que eu sequer pudesse d'alguma forma contestar.
.

No caso do pernilongo, eu sei qual solução irei tomar:
- vou vedar todas entradas, usando uma finíssima tela.
Já no caso do amor, não sei nem por onde começar,

pois um amor assim, eu sei, costuma deixar sequela;
e isto obriga-me a pensar como agir para não errar,
visto que, este amor tem, sim, um nome: - Gabriela.

Madoda


Acredito que o senhor não saiba o que venha ser madoda
e, certamente, irá ao dicionário informar-se do que se trata.
Não é uma palavra de uso corrente e nem está na moda
mas, ao verificar seu significado, terás uma surpresa grata.

Ela diz respeito a alguém que, quando entra numa roda
faz com que a conversa fique mais agradável e poética
pois, sua bondade é tamanha, que por vezes incomoda
aqueles que ainda não aprenderam conviver com ética.

Palavras definem pessoas e coisas; concretas e abstratas.
É delas que dispomos para expressarmos nossos desejos
e nossas emoções de maneira singular ou tecnocrata.

Deixo-lhe então, a incumbência de consultar no dicionário
o que venha ser madoda e, aproveitando ainda o ensejo,
quero dizer-lhe que você é “um”, na visão deste signatário.


Ela me enchia de pois ia



Ela me enchia de-poes-ia


Vamos deixar as coisas bem claras. Vamos colocar os pingos nos is:
- brasileiro não gosta mesmo de ler. Não tem interesse por literatura.
1998 comemorou-se o centenário de morte de Machado de Assis e a imprensa pouco ou quase nada noticiou.
Onde está nosso Ministério da Cultura que não divulga Manuel Bandeira, Olegário Mariano e Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza e Fagundes Varella?
Será que o romantismo acabou de vez nesta era do pós-guerra fria ou foi o amor que roubou nossas alegrias e está preso numa cela?
Que eu saiba, lembranças não gastam corações de quem sonha e, tampouco saudade consegue levar alguém a cair em esparrela.
Por isso digo-lhe com toda sinceridade: - uma vida sem poesia é uma vida tristonha.
Se ontem a inspiração estava no luar, no sol ou no mar profundo, hoje ela se encontra no olhar cativante e no sorriso feliz de Gabriela, a quem dedico estes simples versos, com todo o carinho do mundo.


Autoridade




Autoridade

Quando pela força maior das necessidades,
os brasileiros se rebelarem de forma bruta;
quando pelo descaso geral das autoridades,
os pobres se unirem para uma grande luta;

quando enfim, despertados pelas atrocidades
praticadas pelo mau caráter de quem tributa,
provocar nossa gente, seu brio, sua dignidade,
abalando sua estrutura moral e sua conduta:

talvez aí, estejamos próximos de uma mudança,
com fortes clamores de justiça e de liberdade,
por essa gente que viveu apenas de esperança,

e que, vendo chegar a hora da grande verdade,
arregaçou as mangas para um ato de vingança
contra quem promoveu tamanha desigualdade.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Partidas à parte



Partidas à parte


Parte um comboio carregado de minério;
parte levando parte de Brumadinho;
parte sem royalties, sem impostos e critério;
parte, por vezes, como quem sai de fininho.

E segue esse comboio avante sobre trilhos,
por soturnos túneis e por velhos pontilhões;
segue levando o nosso minério sem brilhos,
para trazer progresso e riqueza aos milhões.

Parte do meu peito um comboio de mistério;
parte levando grande carga de carinho;
parte sabendo que seu amor é um caso sério;
parte deixando saudades pelo caminho.

E segue esse comboio sem empecilhos,
pelo éter infinito das ilusões;
segue levando sonhos e pecadilhos,
para retornarem na forma de emoções.

Tal qual o minério que sai de Brumadinho
para retornar, um dia, em barras de aço,
também deste meu peito sai carinho,
esperando, na volta, seu gostoso abraço.

Vá meu comboio. Vá ao seu destino certo!
Vá ao encontro de quem o ame com fé e arte;
de quem sempre o receba com sorriso aberto,
Isto é possível, sim. Não é um caso à parte.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Orgulho e Vaidade



Orgulho e Vaidade


Certa feita o Orgulho foi passear na casa da Vaidade e encontrou-se por lá com a Inveja, por quem desapaixonou-se perdidamente.
Foi um ódio à primeira vista.
A Inveja também desgostou do Orgulho, o que motivou, logo de início, uma verdadeira guerra passional.
O Orgulho sempre se destacou como egoísta e mau caráter. 
Já a Inveja pela desconfiança, pela descrença e pela petulância.
Com pouco tempo de convivência desastrosa, os dois já estavam trocando farpas, mensagens tolas e palavras de baixo calão, lembrando os velhos tempos de infâmia. Recordo-me agora de uma que dizia: “você pichou o meu coração com as tintas do seu tédio”.
Nos desencontros dos dois que aconteciam geralmente no Bar da Desgraça, nunca faltavam picuinhas, sorrisos irônicos e agressões verbais.
Naquele relacionamento era muito comum ver um se referir ao outro pela alcunha de Coisa ruim”.
O Orgulho tinha por companheiros o Vício e o Desatino e a Inveja, que gostava de frequentar a casa da dona Desavença, tinha como colegas inseparáveis a Desonra, Mentira e a Ingratidão.
E assim, depois de alguns anos de angústia e de maldade e sempre mal humorados, o Orgulho convidou a Inveja para ir morarem juntos num apartamento que ele havia alugado da dona Ilusão.
A turma do desestímulo, por sua vez, incentivava-os com todo desrespeito social, que era uma das suas características marcante.
Mas a Inveja impôs uma condição para tal. Só mudaria depois de casada, sem véu e sem grinalda, na Igreja da Desesperança. Decididos, então, marcaram uma data e foram procurar o padre Distúrbio para a celebração das núpcias. Compraram o enxoval no Magazine Solidão e convidaram para padrinhos o senhor Ócio e o senhor Remorso. Para madrinhas, dona Avareza e dona Antipatia, fato esse que deixou a Ostentação bastante perturbada.
Programaram terem dois filhos que chamariam Apego e Tristeza. 
E tudo caminhava de maneira sempre errada até que certo dia, na Rua da Hipocrisia, bairro da Inconstância, o Orgulho, de modo imprevidente e, querendo despertar ciúmes na Inveja, piscou para Estupidez que passava do outro da rua, deixando a Inveja louca de raiva, que muito furiosa dizia:
- fui humilhada injustamente e só não vou processá-lo, agora, por preguiça e por medo das retaliações.
Dona Luxúria que a tudo assistia, a fim provocar ainda mais intrigas, (de pôr mais lenha na fogueira da maldade) aconselhou a Inveja a agir rapidamente contra aquele ato impensado e imoral do imbecil.
Contudo, ela não acatou a ideia, pois sabia que se assim procedesse, perderia para sempre a inimizade da Dor e o do Azar; um terrível casal de amigos.

Mas, toda aquela desventura ou doença, como alguns preferiam dizer, provocou apenas uma pequena neurose no Orgulho e assim, apesar de toda prepotência e da enorme arrogância de ambos, numa noite fria de agosto os dois decidiram juntarem suas inconsequências, uniram-se despropositadamente e foram infelizes para sempre.