quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Você merece



Você merece


- um abraço bem gostoso,
- um atestado de bem proceder,
- um beijo de quem você ama,
- um buquê de flores, todos os dias,
- um busto seu na principal praça da cidade,
- um certificado de melhor amiga,
- um diploma pela sua sinceridade,
- um elogio expresso pela sua distinção,
- um grupo de pessoas leais sempre ao seu lado,
- um memorial da sua vida,
- um monumento pela sua competência,
- um passeio ao lugar onde você sonhou ir um dia,
- um prêmio grande da loteria,
- um soneto, uma poesia, um livro e um acróstico,
- um título comprobatório de sua moral impoluta,
- uma carta de reconhecimento pelas suas virtudes,
- uma condecoração pela sua dignidade,
- uma deferência pela sua discrição,
- uma estátua de bronze pela sua beleza,
- uma faixa de “Rainha da Simpatia”,
- uma foto sua publicada na capa da revista de maior circulação do país,
- uma homenagem ao seu caráter singular,
- uma medalha de ouro pelo sorriso maravilhoso,
- uma menção honrosa pela sua elegância,
- uma mensagem de carinho pelo seu modo de agir,
- uma música pela sua simplicidade,
- uma pintura do seu rosto exposta em museu famoso,
- uma placa com seu nome numa rua ou avenida,
- uma prece toda especial e,
- uma referência biográfica na Wikipédia.
Você merece tudo isto e muito mais - você merece SER FELIZ.

Gente fingida




Gente fingida


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor,
a dor que deveres sente.
                                          (Fernando Pessoa)


- Tem gente que finge muito,
- Tem gente que finge pouco,
- Tem gente que finge ser feliz,
- Tem gente que finge de morto,
- Tem gente que finge de vítima,
- Tem gente que finge ser poeta,
- Tem gente que finge ser amiga,
- Tem gente que finge estar triste,
- Tem gente que finge de estátua,
- Tem gente que finge que esquece,
- Tem gente que finge de surdo e mudo,
- Tem gente que finge ter muito dinheiro,
- Tem gente que finge que está dormindo,
- Tem gente que finge de bobo ou de tolo,
- Tem gente que finge ter poderes de cura,
- Tem gente que finge de égua ou de besta,
- Tem gente que finge de doido ou de louco,
- Tem gente que finge trabalhar pesado, etc.,
- Tem gente que finge de santo ou de inocente,
- Tem gente que finge que pratica vários esportes,
- Tem gente que finge que estuda dez horas por dia,
- Tem gente que finge que sabe falar outros idiomas,
- Tem gente que finge que lê vinte livros por semana,
- Tem gente que finge que não tem tempo para nada,
- Tem gente que finge entender de tudo ou de quase tudo e
- Tem gente que finge de leitão para poder mamar deitado.

E entre essas e outras tantas formas de fingir, tem a sua que é a de fingir que gosta de mim e a minha que é a de fingir que acredito.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Errar é humano



Errar é humano

Diz o ditado que errar é humano.
Acontece que erramos bastante e, às vezes, cometemos erros que são inconcebíveis e ou incorrigíveis. Um erro de cálculo pode causar a queda de um viaduto; um erro médico pode causar a morte de um paciente ou deixá-lo paraplégico e o erro na dosagem de um remédio pode levar uma pessoa a óbito.
Estamos errando em tudo e todo momento naquilo que fazemos. Erramos semeando, podando e colhendo. Erramos comprando, vendendo, alugando ou emprestando. E erramos votando e ao não perdoar os erros dos outros, etc.
A cozinheira erra o tempero, o jogador erra o chute, o músico erra a nota musical e assim vamos nós cometendo nossos equívocos, diariamente.
Quantas vezes já não erramos o dia ou à hora marcada de um compromisso?
Erramos ao pintar, ao desenhar, ao falar e mais comumente, ao escrever ou digitar. Escrevendo erramos na acentuação, na concordância verbal, na sintaxe, etc. Este texto mesmo deve conter alguns erros.
Erramos muito e erra inclusive a pessoa que faz a revisão de um texto com a finalidade de apontar e eliminar os erros encontrados no mesmo.
Erramos ao fazer uma tradução, erramos questões fáceis nas provas e erramos, mas quase sempre sem querer, porque errar intencionalmente é outra coisa.
O importante é saber que é com os erros que aprendemos acertar.
Os erros podem ser simples ou infantis, boçais, crassos ou grosseiros.
Um erro pode ser embaraçoso para quem o comete e, principalmente, para quem é vítima dele. São erros que denominamos de desastrosos, como o erro de um corte de cabelo ou do corte de um pano para confeccionar uma roupa.
Erramos ao responder a uma entrevista, ao não saber à hora de parar de beber, ao preencher um documento ou simplesmente marcando um volante de loteria.
E quantas vezes já não erramos, contando dinheiro, quantas vezes já não erramos caminho a seguir ou um salto sobre uma poça de água?
Por um erro de visão, erramos ao fazermos baliza com o carro. Erramos o alvo.
Temos, ainda, os erros por falta de atenção ou de concentração e os erros de fabricação.
Erramos para mais, erramos para menos e erramos por aproximação. Estamos sempre errando. À vezes sozinhos, ás vezes em grupo.
Um tipo de erro que algumas pessoas consideram injustificável é o erro de um juiz ao julgar e dar o veredicto, levando o réu à prisão. Um erro imperdoável.
E por falar em julgar, quantas vezes erramos ao julgar uma pessoa apenas pela aparência?
Errar na dúvida, tudo bem, mas errar propositalmente não pode ser.
Ataúlfo Alves, grande compositor da música popular brasileira compôs uma linda canção chamada de “Errei, erramos” e a cantora Dalva de Oliveira cantava “Errei, sim”.
Errando, de um modo ou de outro, errando muito ou pouco, o que não podemos é reincidir no erro.
E o saudoso comentarista esportivo Kafunga, de Minas Gerais, costumava dizer que “o errado é que está certo”.
Os erros contra as leis divinas são denominados de pecado.
Tenho consciência de que não mencionei muitos outros tipos de erros, mas isto não é um erro, na minha opinião.
Finalmente, estou analisando se gostar tanto de você como eu gosto é ou não um erro meu. Se for erro, por que eu ainda persisto nele? Perdoa-me, então, por ele e por tantos outros que já cometi e, por que não, daqueles que ainda irei cometer.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Eu só queria entender



Eu só queria entender:

o sexo dos anjos,

o tempo da verdade,

a causa das injustiças,

o amor de uma mãe,

o aparelho digestivo dos urubus,

a derivada da intuição,

o caráter dos loucos,

o cérebro de alguns políticos,

a grandeza do universo,

o efeito da moral,

o enigma das pirâmides,

a liberdade do pensar,

o funcionamento da memória,

o futuro da poesia,

a lógica dos desejos,

o jogo das emoções,

o mecanismo da dor,

a maldade da dúvida,

o medo do destino,

o milagre da reprodução,

a origem da indolência,

o mistério dos sonhos,

o objeto da sorte,

a razão dos canalhas,

o poder da fé,

o preço da liberdade,

a vida em outros planetas,

o preconceito do racista,

o sentido da vida,

as mulheres.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Falou e disse



Falou e disse


Tem gente que
Fala alto,
Fala até ficar rouco,
Fala baixo,
Fala bem = eloquente,
Fala bem ao microfone,
Fala besteiras,
Fala cantado,
Fala chorando,
Fala com a boca cheia,
Fala com a boca fechada = ventríloquo,
Fala com os mortos,
Fala com surdo/mudo = por sinais,
Fala cuspindo no ouvinte,
Fala cutucando o ouvinte,
Fala da boca para fora,
Fala daquilo que não sabe,
Fala de cadeira,
Fala de improviso,
Fala de lado e olhando para o chão,
Fala demais = tagarela,
Fala depressa,
Fala devagar,
Fala discretamente,
Fala do silêncio – que falar do não falar,
Fala dormindo,
Fala enrolado,
Fala gaguejando,
Fala grosso,
Fala mais que pobre na chuva,
Fala mal = maledicente,
Fala muito = falastrão,
Fala na hora errada,
Fala na lata, o que tem para falar,
Fala o que não deve,
Fala outras línguas,
Fala para todo mundo ouvir,
Fala pelas costas,
Fala pelos cotovelos,
Fala por falar,
Fala por mímica = com gestos,
Fala por parábolas,
Fala porque ouviu alguém falar,
Fala pouco,
Fala que nem papagaio,
Fala reservadamente,
Fala rindo,
Fala sem parar,
Fala sozinho,
Fala tudo que vem à cabeça,
Fala, fala e não diz nada,

Agora, falando sério:
Tem gente que precisa aprender a falar e tem gente que precisa aprender a calar
porque nem sempre quem fala o que pensa (quem fala ao vivo), fala a verdade e não se fala mais nisso.
Eu estava esquecendo de falar o principal: - Eu gosto muito de você.
Falou?
Falou e disse...

P.S.: Você não acha que é preferível falar isto tudo que ser mudo?

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Das mesas




Das mesas


Não faz muito tempo que escrevi “falando de cadeira” sem fazer referência alguma à mesa. Injustiça.
Sentei-me, então, à mesa do computador para tentar encontrar algumas expressões que com ela se relacionasse.
Notei que o computador, hoje em dia, está substituindo algumas mesas, como a mesa de sinuca, a mesa de pebolim, a mesa de tênis e a mesa de jogar cartas. Graças ao Bom Deus, a mesa virtual não conseguiu substituir a mesa do almoço. E por falar em almoço, nada como uma mesa farta de frutas, doces, salgadinhos e outras delicias para a gente saborear.
Mesa farta a gente costuma ver mesmo, só em festas. Nessas ocasiões, além das comidas, temos também as bebidas que costumam deixar algumas pessoas embriagadas. Quando o seu efeito se manifesta, elas sobem e dançam em cima da mesa.
E falando, ainda, de coisas deliciosas, existe uma série de livros de receitas cujo o título é “Araxá põe a mesa” que recomendo a compra, a leitura e o uso.
Próximo da cidade de Araxá tem um lugarejo conhecido como “Morro da Mesa”, que tem muito mais de morro que de mesa.
Verdade é que existem vários tipos e modelos de mesa: - mesa grande, mesa pequena, mesa quadrada, mesa retangular, mesa oval e a mesa redonda que pode ser também uma reunião de pessoas entendidas ou abalizadas que discutem ou deliberam, em pé de igualdade, sobre determinado assunto.
Quanto ao material de que são feitas, podemos encontrar mesas de madeira, de vidro, de pedra e de plástico, entre outros. Algumas mesas possuem quatro pernas, outras três e outras apenas uma. Quando uma pessoa é muito chata, dizem que ela dá chulé até em pé de mesa.
As mesas podem ser desmontáveis, dobráveis ou de abrir.
Quanto ao lugar que ocupam, elas podem ser de canto, de centro ou de cabeceira.
Se há um tipo de mesa que eu não gosto é a mesa de passar roupa.
Sobre a mesa de trabalho eu prefiro nem comentar.
Outros tipos de mesa são: as mesas examinadoras, mesas julgadoras, mesa de discussão, mesa de apuração e as mesas das Câmara e Assembleias.
Uma mesa que tem história é aquela onde Jesus fez a sua última e Santa Ceia.
Mesas costumam ser lugares de confraternização como são as mesas de um bar e a mesa de jantar. Esta última foi motivo de inspiração para Sérgio Bittencourt compor a música “Naquela mesa” onde ele, carinhosamente, homenageou seu pai – Jacob do Bandolim. Para sentar-se à mesa de um bar e usufruir de alguns momentos agradáveis, é preciso trabalhar muito ou receber uma boa mesada.
Finalmente, vou pôr as cartas na mesa: - Quando alguém perde um jogo e tenta reverter o resultado, usando recursos, muitas vezes ilegais, diz-se que ela está tentando virar a mesa. Pena que para os casos de amor isto nunca funciona, porque...

P.S.: se você mostrar este texto para alguma pessoa, devo-lhe dizer que vou esconder debaixo da mesa de vergonha.

Congressual



Congressual


Quando, pela manhã, pego meu jornal e abro
para ler as notícias do mundo, de modo geral,
deparo com cenas de um congresso macabro
que envergonha nosso país de forma surreal.

Por favor, abaixem para mim este candelabro;
acho que eu estou com sério problema visual.
Aquilo ali virou mesmo verdadeiro descalabro.
Ou ofender, cuspir, desacatar agora é natural?

Que reação teria Itamar Franco e Célio Borja
presenciando o comportamento dessa corja?
E o que faria vendo tudo isso o Rui Barbosa?

Diante dessa Câmara corrupta em polvorosa,
talvez, clamassem em gesto simples e gentil:
- Deus, salve este país querido. Salve o Brasil!