terça-feira, 26 de março de 2013

Copela


                     
Copela

Amigo, vou revelar-lhe um segredo, mas, por favor, não espalha.
Ontem a lembrança e saudade se estranharam em meu coração.
A saudade chamou a lembrança de estúpida, de vil e de canalha
e ela respondeu chamando-a de vagabunda e de sem-ocupação.

Uma baixaria que, a princípio, pensei fosse apenas fogo de palha;
mas não; a coisa foi muito feia mesmo. Um verdadeiro dramalhão.
Se não fosse pela minha memória que também, por vezes falha,
talvez hoje eu não estivesse mais aqui. Estaria noutro mundão.

Mas, eis o motivo que deu origem a esta lamentável querela:
- a saudade resolveu visitar uma amiga que há tempos não via
e cujo nome não preciso nem dizer, pois você sabe: Gabriela.

A lembrança então ameaçou impedi-la valendo-se uma cancela.
Aborrecida, a saudade saltou-a e chegou tranquila onde queria.
Essas duas não se entendem mesmo. Brigam por qualquer bagatela.