terça-feira, 30 de junho de 2015

É a cabeça, irmão



É a cabeça, irmão



Ontem eu conversei com meu amigo Júlio que tinha o apelido de cabeção porque fazia muitos gols de cabeça quando era cabeça-de-área do time do Mamoré Futebol Clube.
Júlio gostava de brincar com os amigos perguntando: - “Você faz conta de cabeça”?
Eu sei qual era o objetivo daquela pergunta, mas deixemos isso pra lá.
Hoje, ele é um homem rico; tem mais de 1000 cabeças de gado, em Araxá - MG.
Eu disse a ele que estava pensando, seriamente, em encabeçar uma lista de nomes de gente interessada em banir da Internet aquelas pessoas que publicam em seus blogs e ou enviam e-mails com tudo que as vêm à cabeça, a começar por este que vos fala.
De cara ele refutou minha ideia. Pensei até que fosse sair comigo na cabeça. Cabeça dura como ele é, outra coisa eu não esperaria de Júlio naquela hora. Mas, eu sei que depois, com a cabeça fria, ele iria concordar comigo e até mesmo assinaria a citada lista.
Eu não esquento a cabeça com o Júlio, mais não. Falei aquilo só para saber a opinião dele sobre o assunto e por continuar acreditando que duas cabeças pensam sempre melhor que uma.
Quanta besteira eu tenho visto (lido e ouvido) na Internet, ultimamente!
Mensagens bonitas e edificantes são mais difíceis de encontrar que cabeça de bacalhau.
Namorados que se desentendem e ficam de cabeça inchada escrevem (digitam) tudo que dá na cabeça.
Notícias sobre políticos brasileiros, então, enchem páginas e mais páginas (ou telas e mais telas?) de bobagens na internet, diariamente.
Tá certo que existem mulheres capazes de fazer alguns homens perderem a cabeça.
Tá certo, também, que certos políticos, “cabeças de bagre”, estão virando o Brasil de cabeça para baixo. Mas daí, a escreverem tanta banalidade; alto lá!
Acho sim, que está passando da hora de os brasileiros estufarem o peito, erguerem a cabeça e de dizerem em alto e bom som: - basta! Políticos que ficam “fazendo a cabeça” das pessoas, visando ganhar votos, precisam desaparecer logo do mapa. Está demorando e muito para que cabeças comecem a rolarem. E a primeira delas terá de ser a do “cabeça” disso tudo, que é a do senhor Lula.
Temos, ainda, muita gente vivendo com a cabeça no mundo da lua. Muita gente com a cabeça feita por políticos inescrupulosos. E há, um outro tanto de cabeçudos que não estão nem aí pra nada.
Mas, voltando ao caput da questão; de barriga de mulher e de cabeça de juiz a gente nunca sabe o que vai sair, não é mesmo? E depois, quem não conhece aquela expressão antiga que diz: - “em cada cabeça uma sentença!”.
Foi por isso que decidi mergulhar (entrar) de cabeça nesta campanha.
Pode ser até que eu não consiga resolver esse quebra-cabeça, mas uma coisa eu garanto: - quando eu colocar a minha cabeça no travesseiro, eu sei que irei dormir em paz comigo mesmo.
Mudando de assunto, não sei bem por que, mas lembrei-me, aqui, agora, de duas músicas antigas que você talvez conheça: “cabecinha no ombro” e um tango de Carlos Gardel: “Por una cabeça”.
Pois é amigo; cabeça foi feita para pensar; cabeça não foi feita só para usar chapéu, mas quando vejo tanta estupidez subindo para as cabeças das pessoas, e elas a escreverem aquele monte de besteiras, de coisas sem nexo, penso que alguém deve chegar mais perto delas e dizer:
- Chega! ponha a sua cabeça no lugar, ou melhor: - use a cabeça e pare de ficar escrevendo essas asneiras, “seu cabeça chata”!
Isto que você está fazendo, pode e vai acabar causando uma tremenda dor de cabeça em muita gente, como na da pessoa que está acabando de ler isto aqui, agora.


Obs.: não aproveita nem o cabeçalho

Boca's



Boca’s



Era uma vez um casal que tinha quatro filhos: Bernardo, Otávio, Cláudia e Aline.
A mãe esperava outra criança que, se fosse mulher, iria se chamar Sandra.
Utilizando-se das iniciais destes nomes, alguém resolveu denominar a referida família de “Família dos BOCAs”.
Bernardo, o mais velho, era um “boca de gole”, desbocado e tinha o apelido de Boca Murcha. Frequentava uma boca da pesada (Boca de fumo, mesmo) e vivia pedindo aos amigos um trocado para tomar cafezinho. Dizia ele que era para fazer boca de pito. Gostava de usar calça boca de sino e de entrar em festas “boca livre”. Seu irmão Otávio dizia: - “não vai demorar muito e o Bernardo vai amanhecer com a boca cheia de formiga”. Certa feita, Bernardo envolveu-se numa grande confusão e, depois de longo bate-boca, levou um soco na boca do estômago e precisou ir para o hospital.
Otávio também não era lá muito santo, não. Foi pego com a boca na botija quando fazia boca de urna para uma candidata, nas últimas eleições. Gostava de cantar músicas do Paulinho Boca de Cantor mas, a que os amigos mais pediam para ele cantar era “Morena boca de ouro” do Ary Barroso.
Otávio era muito rigoroso nos seus negócios e qualquer coisa que alguém fizesse que não o agradasse, ele botava a boca no trombone. Aliás, colocava-a, também, no sentido literal da palavra pois, o trombone foi um instrumento que ele aprendeu tocar quando ainda criança mas, por algum motivo que desconheço, com o tempo ele perdeu a embocadura e não tocou mais. A última notícia que tive de Otávio foi que ele estava participando de uma manifestação na Boca Maldita em Curitiba – PR. Um fato triste na vida de Otávio foi o dia em que caiu numa boca-de-lobo, quebrando a perna e pôs a boca no mundo a chorar. Finalmente, um dado de pouca importância: - Otávio é torcedor do Boca Júnior, da Argentina.
Agora, as meninas.
Claudia toda a vida foi uma menina muito traumatizada. Tinha uma boca enorme, o que lhe rendeu, por longo tempo, o apelido de “boca de gamela”. Os vizinhos, maldosamente diziam que ela conseguia colocar um charuto atrás (sobre) a orelha sem usar as mãos, dado o tamanho da sua boca. Era muita maldade, no meu modo de ver.
Diziam, também, à boca pequena (à boca miúda) que Cláudia, na boca da noite, fazia umas boquinhas extras, depois do expediente. A confirmar. O que se sabe é que, com seis anos de idade Cláudia já gostava de dançar “na boquinha da garrafa”.
Já, Aline era mais séria; o que não impediu que ela também recebesse o triste apelido de “Boca de chupar ovo”. Aline ensinava seus irmãos a não falarem com a boca cheia, o que era muito bom pois, os irmãos de Aline só abriam a boca para falar besteiras. Influenciada pela novela da Rede Globo, Boka Loka, ela comprou e passou a usar um batom de mesmo nome, deixando muitos vizinhos de boca aberta.
Aline era uma cozinheira e tanto. Não era uma cozinheira meia-boca, não. Tanto é verdade que ela foi convidada para trabalhar numa lanchonete da Boca do Forno, em Belo Horizonte. Só de pensar em seus pães de queijo eu fico com a boca cheia d’água.
Uma curiosidade: - Adriano, um rapaz de 17 anos, se apaixonou por Aline e, vendo que não conseguia conquistá-la, fotografou-a sem que ela percebesse e supersticiosamente costurou o seu retrato na boca do sapo. Vai entender!
Essa família era mesmo boca quente.
Finalmente, vou lhe dizer uma coisa, em particular, mas, por favor, não conte para ninguém: - boca de siri. Essa família nunca existiu. Tudo que eu escrevi e falei até aqui, foi só da boca pra fora.
Afinal, o importante não é o que entra pela boca do homem, mas o que sai da boca, do homem (Mateus 15:11). Além disso, boca fechada não entra (ou não sai?) mosquito, porque está mais que provado que o peixe morre é pela boca.
Você, também, não acha isto mais justo que boca de bode?
Obs.: Eu queria mesmo era parar de ficar escrevendo estas baboseiras todas mas, como diz o ditado: - o uso do cachimbo deixa a boca torta.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Pepé



Pepé



Semana passada, depois de um pé de vento que derrubou um pé de cedro lá no pé da serra, eu resolvi sair para dar uma volta a pé pela cidade.
Eu sempre gostei de pôr o pé na estrada, de andar a pé...
Ao sair de casa, eu ainda pude ouvir alguém gritando lá de dentro para mim:  - “não demore muito - é um pé lá e outro cá; vá num pé e volte no outro”.
Eu não quis nem saber; finquei o pé na estrada e fui.
Alguns minutos depois de caminhar sem rumo eu ouvi o som de uma sanfona e fui conferir de onde ele vinha. Era um forró, ou melhor: - um arrasta-pé e “dos bão”. Tocava aquela musiquinha do Chacrinha: Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno que vá embora. Entrei e, veja só quem eu encontrei lá? A Pepé - Penélope Pereira. Linda, dos pés à cabeça. Calça santropé coladíssima no corpo, um pé de moleque na mão e um copo de cerveja na outra, lá estava ela, toda feliz. Aliás, quer ver Pepé feliz é dar a ela uma dose de pinga e um canapé para tirar gosto. E quer vê-la irritada é chamá-la de pé-de-cana.
Muita gente acha que o apelido Pepé foi dado a Penépole por causa das iniciais do seu nome, mas não. Este apelido ela ganhou, ainda jovem, porque enquanto seus amigos diziam “comigo não tem pê-rê-pê-pê, ela dizia “comigo não tem pé-ré-pé-pé
Eu sempre gostei muito de Pepé, apesar dela gostar de ficar pegando no meu pé. Gosto dela desde quando ela ainda morava em Igarapé. Depois que ela mudou-se com a família para Tatuapé, em São Paulo, eu acabei esquecendo-a. Ainda assim, era ela a mulher que jurei um dia aos pés da Santa Cruz de levá-la ao pé do altar.
Pepé sempre foi uma mulher muito bonita mas, não chega nem nos pés de Jacqueline. Para o meu irmão, Pepé é um bicho de matar com o pé. Talvez por causa dos seus joanetes. Aliás, Pepé gostava de brincar com as amigas dizendo que aqueles joanetes eram o seu calcanhar de Aquiles.
Tomei pé da situação, aproveitei a oportunidade e cochichei umas palavras de carinho no pé do ouvido dela. Jurei de pés juntos que iria dar a ela conforto e muito amor, mas notei, e sem muita dificuldade que o que ela queria saber mesmo era se eu já tinha um pé de meia feito.
E foi naquele ambiente meio escabroso que um desconhecido, um pé rapado, vendo que o meu bate papo com Pepé podia render um passeio no sítio, num ataque de inveja, aproximou-se de nós disse-me para que eu a deixasse em paz, pois eu já estava com o pé na cova e com passagem comprada para a cidade dos pés juntos. Minha vontade naquela hora foi a de soltar um pontapé na bunda daquele desgraçado, encher o pé mesmo, com vontade e jogá-lo a uns mil pés de altura.
Se eu já tivesse tomado umas, não ia ter meu pé me dói. Eu daria um sopapo no pé da orelha daquele vagabundo que iria dar no pé, na hora. Mas fazer isto seria dar um tiro no pé. Pepé iria desaparecer num instante. Mantive os pés no chão e continuei a conversa com a minha amiga. Agora, que tem horas que dá vontade da gente meter o pé na jaca, ah, isso tem!
Só que a gente não pode ir metendo os pés pelas mãos e sair por aí fazendo besteiras. Eu sei que bastava bater o pé no chão que o “pé de anjo” criaria um pé de atleta na hora e daria no pé naquele momento. Melhor mesmo foi deixar pra lá.
Mais tarde fiquei sabendo que aquele intruso, aquele pé-de-chinelo era amigo particular do governador do Rio de Janeiro – o Pezão
Enquanto isso, lá fora caía um pé d’água que minha vontade era ter um pé-de-pato e ir embora para casa nadando.
Mas deixar minha amiga ali nas garras daquele pé de boi não ia ser legal. Não arredei o pé.
Pepé nunca foi um pé de valsa, embora tenha estudado dois anos de balé e, se não fosse aqueles joanetes talvez, naquela noite ela poderia estar rodopiando na ponta dos pés naquele salão.
Com Pepé, eu tenho certeza que ia tirar o pé do atoleiro. Com ela eu ia ficar com os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Mas, em se tratando de mulher bonita, devo confessar-lhe que sempre fui um tremendo pé frio. Vamos ver com a Jacqueline.

Agora, se você conseguiu ler tudo isto até agora, você deve parar e analisar tudo ao pé da letra, parai concluir que está passando da hora de eu encerrar este texto que só tem besteiras. Vai, inclusive, dizer, com muita convicção que este texto é um verdadeiro pé no saco

Desconfiança



Desconfiança


Eu desconfio

de quem lê horoscopo,
de quem assiste novelas,
de quem fura fila,
de quem avança o sinal,
de quem é fofoqueiro,
de quem bebe demasiadamente,
de quem é muito político,
de quem enriquece rapidamente,
de quem promete e não cumpre o que prometeu,
de quem rouba no jogo, mesmo não valendo nada,
de quem finge saber o que não sabe,
de quem finge ter o que não tem,
de quem finge ser o que não é,
de quem inventou a palavra “desconfiômetro”,
de quem não gosta de música,
de quem não reza,
de quem não tem fé,
de quem não tem esperança,
de quem não quer trabalhar,
de quem usa drogas e,
de quem desconfia de tudo e de todos.
Eu desconfio até de que você gosta de mim!
Em alguns casos eu desconfio confiando,
noutros eu desconfio cegamente.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Achava a chave



Achava a chave


A palavra chave vem do latim – clave e tem várias aplicações.

É com ela que se abre a escrita de uma partitura musical. A clave pode ser de sol, de fá ou de dó e serve para dar nome e altura da nota. Quando falamos em chave, a primeira ideia que nos vem à cabeça é a de uma chave para abrirmos ou fecharmos uma sala, um quarto, uma gaveta qualquer ou até mesmo um cadeado. Mas chaves são várias. Nos veículos automotores temos a chave de ignição, a chave do tanque de combustível e a chave da porta que, atualmente, é a mesma para todas funções. E para fazer manutenção desses veículos temos, entre outras, a chave de roda, a chave de fenda e as chaves estrias. Para a manutenção hidráulica temos as chaves de boca, antes chamadas de chave inglesa, as chaves de cano e as chaves grifa. Já, para a manutenção elétrica, temos as chaves phillips, as chaves allen e a chave bipolar. Existe a chave falsa que é aquela que abre uma fechadura que não a sua e a chave mestra que é a que abre várias fechaduras. Por falar em fechadura, por que não “abridura” ao invés de abertura? Algumas chaves são bastante cobiçadas como as chaves de um cofre cheio de dinheiro e outras detestadas como as chaves de uma cadeia. Há pessoas que com o sobrenome Chaves fizeram e ou fazem sucessos na vida, como o político mineiro Aureliano Chaves, ex-governador de Minas Gerais e o cantor compositor Juca Chaves. O mexicano Roberto Gomes Bolaños, morto no começo deste ano, ficou conhecido mundialmente pelo apelido de “Chaves” numa série de filmes humorísticos. Nas expressões matemáticas temos as chaves que vêm antes dos colchetes e dos parêntesis e na informática chaves são as senhas de acesso aos sistemas. Até mesmo numa luta corporal temos as chaves de perna e as chaves de braço. No Paraná é muito comum vermos as pessoas usando o verbo chavear para designar fechar ou trancar uma porta. Homenageando Fernando Brant que faleceu no dia 12 de junho de 2015, vale a pena lembrar o primeiro verso de sua Canção da América – “amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração”. São quase duas tetras chaves. Finalizando, não com chave de ouro, porque aí já seria demais, digo que a chave do sucesso é ser mesmo amigo de São Pedro, pois dizem que ele é quem detém a chave do céu.