quinta-feira, 10 de maio de 2018

Tempos bicudos



Tempos bicudos


O tempo não para. O tempo voa. Parece que foi ontem. Depois de trabalhar por mais de 35 anos e de ter contribuído todo esse tempo com a previdência social, aposentei-me e agora para matar o tempo eu passo o tempo fazendo passatempos, como palavras cruzadas, sudoku e, às vezes, escrevendo. Só que há tempo que a inspiração não quer nada comigo e por este motivo, de uns tempos pra cá, tenho escrito muito pouco. Hoje, ouvi na previsão do tempo que iria chover; que o tempo estava fechando e que na parte da tarde iria descer ter um temporal. Resolvi, então, dar um tempo no sudoku e nas palavras cruzadas e, mesmo sem inspiração, tentar escrever alguma coisa. Acho que em se tratando de inspiração estou vivendo tempos bicudos ou tempo das vacas magras. Mesmo assim, sentei-me na frente o computador e comecei lembrar-me de algumas músicas que falam sobre o tempo. São muitas. Cito apenas algumas: Meus tempos de menino de Ataúlfo Alves que muita gente conhece como “professorinha” (eu daria tudo que tivesse, pra voltar aos tempos de criança...); Dá tempo ao tempo, fado cantado por Carlos do Carmo (dá tempo ao tempo, que o tempo corre e não cansa...); O tempo, de Reginaldo Bessa; segunda colocada num festival de música da Rede Globo (o tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém...); Carolina, de Chico Buarque (o tempo passou na janela e só Carolina não viu...); Em tempo de avanço, de Tião Carreiro e Pardinho e Baía com H, cantada por Francisco Alves. Essa é do tempo da vovó ou do tempo do onça. Algumas pessoas preferem dizer do tempo em que os animais falavam. Lembrei-me, também, de um conjunto de chorinhos chamado “Naquele tempo” e do filme “Tempos modernos” do Charles Chaplin. E por falar em naquele tempo, é assim que iniciam muitos evangelhos. Foi-se o tempo em a gente podia ouvir boas músicas, assistir a bons filmes e outras tantas coisas boas que hoje não temos mais. Talvez, seja esse o motivo pelo qual alguns anciões vivem exclamando: - “no meu tempo é que era bom; bons tempos eram aqueles; tempo bom que não volta mais, áureos tempos, tempos imemoriais”, etc. Outros ao ouvirem um rap, um rock ou coisa parecida costumam dizer: “é o fim dos tempos”. Mas, cada coisa a seu tempo. De tempo em tempo, as coisas mudam mesmo. Muitas, às vezes para pior. Uma coisa é certa: o tempo é relativo. O tempo para quem está do lado de fora do banheiro é diferente do tempo para quem está do lado de dentro. O tempo de quem espera numa fila para ser atendido num hospital é diferente do tempo de quem está numa fila para entrar no teatro ou num show. O tempo para quem vai receber uma dívida é diferente do tempo para quem vai pagá-la. E por falar em dívida, quem nunca ouviu a expressão “tempo é dinheiro”? Na internet já li alguns textos interessantes com o título “Com o tempo a gente aprende”. Nesses textos eu aprendi a não ficar escravo do tempo. Aprendi, também, que tudo tem seu tempo certo de acontecer ou como diz Fernando Collor de Melo, “o tempo é o senhor da razão”. Assim, como tem um tempo para plantar e um tempo para colher, na vida temos um tempo para nascer, um tempo para viver e um tempo para morrer. Portanto, o importante é aproveitar o máximo do nosso tempo disponível aqui na terra porque no jogo da vida não tem segundo tempo. Precisamos aproveitar, também, parte deste nosso tempo para praticar boas ações porque o tempo do verbo amar é indeterminado, ou seja: infinito. Longe de mim o ditado que diz: - “é tempo de murici, cada um cuida de si e os outros é que se danem”. Longe de mim, também, quem diz não ter tempo pra nada ou que precisa ganhar tempo. Tempo não se ganha e nem se perde. Tempo a gente faz como na música de Geraldo Vandré: -“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Por algum tempo podemos até pensar que as coisas estão acontecendo muito de pressa ou muito devagar. Reclamamos a voragem do tempo, como alguns costumam dizer. Mas o tempo de Deus é diferente do nosso tempo. Sem esquecer que na física, distância é velocidade vezes tempo e que por isso quem quiser ir mais longe deve caminhar mais devagar. Diminuir a velocidade de suas ações porque o tempo é inclemente. Eu, por exemplo, quero ir para o céu, mas não estou com pressa alguma de chegar lá. Quero ficar por aqui o tempo necessário que for para ser feliz, como sou hoje, aqui e agora. Também desejo isto para todos os meus amigos e amigas. Embora para muitos o tempo seja cruel e inexorável, ninguém sabe o dia de amanhã.
Em tempo: quero pedir desculpas às pessoas que perderam e ou que perdem o seu tempo lendo as coisas que escrevo. Aliás, já era sem tempo para elas saberem que há coisas mais interessantes para lerem. Um dia elas irão saber. Mas isto só o tempo é que dirá.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Trova 20


Eu não sei se vale a pena
na Justiça confiar;
o juiz julga e condena,
Supremo manda soltar.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Preconizando



Preconizando


Pré é um prefixo que significa antes, antecipadamente. Ele aparece, inclusive, na própria palavra prefixo. (prefixo é fixado ou determinado antes)
Prever é ver antes, predestinar e destinar antes, predizer é dizer antes, pressentir é sentir antes, etc.
Mas nem sempre "pre" quer dizer antes. Abaixo alguns exemplos:
Preamar não é amar antes. É maré alta.
Precatar não é catar antes. É pôr de precaução, pôr de sobreaviso.
Precaução não é uma caução feita antes. É caução, simplesmente.
Preceder não é ceder antes. É ir, vir, estar adiante de. É anteceder, chegar antes.
Precioso não é quem tem ciúmes antes. É de grande preço, valiosíssimo.
Precisão não é separação antes. É carência do que é preciso, urgência, necessidade.
Precursor não o que vem antes do cursor. É o que vai adiante, que anuncia sucesso.
Prédica não é uma dica que se dá antes. É sermão, oração ou discurso.
Preencher não é encher antes. É encher totalmente.
Prefeito não é feito antes. É chefe do executivo de uma cidade.
Preferir não é ferir antes. É dar primazia a, escolher.
Preliminar não é o que vem antes da liminar. É a liminar propriamente dita.
Preeminente não é quem vem antes do eminente. É a mesma coisa que eminente.
Premiar não é miar antes. É conceder como prêmio.
Preocupar não é ocupar antes. É causar preocupação ou inquietação, etc.
Preparar não é parar antes. É dispor ou planejar com antecedência.
Prepotente não é quem pode antes. É poderoso ou influente. Que abusa do poder.
Presente não é quem sente antes. É que assiste pessoalmente. Que está á vista.
Presumir não é sumir antes. É entender, baseando em certas probabilidades.
Premissa não é o que vem antes da missa. É cada uma das proposições que servem de base à conclusão.
Preposto não é o que é posto antes. É aquele que dirige um serviço ou negócio por delegação.
Pretexto não é o que vem antes do texto. É razão aparente ou fictícia que se alega para dissimular o motivo real de ato ou omissão.

Não sei se defini corretamente meus preclaros. Lembro-lhes que preclaro não é que alumina antes. É ilustre, famoso, etc.