é uma felicidade nunca se esgota,
pois a fonte por donde ela brota
é este prédio antigo em implosão,
neste órgão do peito - o coração,
razão de toda a nossa existência.
Liberdade é a luz da consciência
que ilumina o amor sem defasagem.
Ao decifrar mistérios da coragem,
realiza nossos sonhos implícitos,
na luta feroz contra os ilícitos.
Liberdade é confiança na Verdade.
É o desejo de uma nova realidade.
É a força centrífuga do infinito,
impulsionada, às vezes, no grito,
pela vontade de ser compreendida.
Liberdade, virtude maior da vida
que se manifesta de modo natural.
Propugnando pela harmonia social,
desperta no homem a fraternidade,
a paz e a segurança com lealdade.
Liberdade é um querer patriótico
do bem comum. Um querer sinótico
de mudar o percurso e o caminhar,
e de viver a emoção de acreditar
numa vida mais justa, mais calma.
Liberdade é espaço aberto n’alma,
paradigma de esperança no porvir,
ensejo de um outro mundo a fluir,
com mais encantamento, dignidade,
respeito, confiança e alteridade.
Liberdade é nutrir de novo ideal.
É lutar pela paz, este bem vital,
sem esperar um retorno sofismado
ou uma tola excomunhão do Estado
por quem não aprendeu apreciá-la.
Liberdade é a mãe que nunca cala.
Fiel e amiga da responsabilidade,
expurgo de paixões da intimidade,
é opção dos que desejam o melhor
para quem está longe ou derredor.
Liberdade é portal da eternidade.
É o compromisso com a fidelidade
que transcende fronteiras do bem
para além desta vida, muito além.
Traz o espírito do querer servir.
Liberdade é o dom para descobrir
que a vida pode ter mais alegria
se sairmos do estado de letargia
combatendo o egoísmo e a maldade
a inveja, o rancor e a falsidade.
Liberdade é o jeito moral de ser;
modo ético e sincero de proceder.
Obra de homens fortes e augustos;
é, ainda, um atributo dos justos,
dos honestos, probos e coerentes.
Liberdade é vigor dos emergentes
que desbanca o tédio e o marasmo.
É uma manifestação de entusiasmo;
o espetáculo real da assistência;
axioma da legítima independência.
Liberdade é o direito e ir e vir,
sem ninguém a coibir ou impingir
um “status quo” real e subjetivo
de um amor sereno, forte e ativo
capaz de vislumbrar toda a razão.
Liberdade é maturidade da paixão.
Direito e dever no aprimoramento
do trabalho pelo engrandecimento
social de nova ordem e cidadania,
baseada nos valores de soberania.
Liberdade é busca pela concórdia.
O poder objetivo da misericórdia.
Talismã de heróis conquistadores
que emudece de vez os desertores
e ensurdece os covardes do mundo.
Liberdade é, também, num segundo,
vontade de Deus para que uma luz
mostre-nos quão as leis de Jesus
são diretrizes da nossa evolução,
se as buscarmos com fé e devoção.
Liberdade é o beijo de improviso,
é o abraço, o carinho, o sorriso.
Bem que irradia bondade e poesia,
prece feita em completa sintonia
em momentos de júbilo espiritual.
Liberdade é energia sobrenatural
capaz de alterar nosso psiquismo,
confundindo feitiço com atavismo,
cultura com processo de tradição,
e loucura com simples fascinação.
Liberdade é fenômeno de caridade.
Comprometimento com a humanidade.
Ora, um estardalhaço de harmonia,
ora, um silêncio de rara melodia
a retumbar nas imensidões do ser.
Liberdade é eficiência do querer
e a eficácia da autodeterminação.
Óleo que desce da barba de Aarão
pra lubrificar nossa auto-estima,
e fazer da dignidade, obra-prima.
Liberdade é versejar sentimentos.
É rimar alegrias com sofrimentos
e reter na alma sons da natureza,
espargindo a luz viva da certeza
de que o bem irá vencer, todavia.
Liberdade é segredo de sabedoria,
e prática da boa condescendência;
o ato de renúncia por excelência
manifestado no trabalho expresso
em favor da ordem e de progresso.
Liberdade, arte da solidariedade
e do poder decisivo da igualdade
que empurra o orgulho pro abismo,
esfacelando a prática do egoísmo
em seu modo constante de demolir.
Liberdade é o arbítrio para agir,
para pensar, para ter e para ser;
para sentir, para sonhar e viver
e, através de uma fé raciocinada,
mostrar a sua força incontestada.
Liberdade é a certeza da justiça
que a lei do querer servir atiça
num processo civil de integração
entre os sonhos e a consolidação
de uma representativa democracia.
Liberdade é forma de benfeitoria,
que semeando vida pelos caminhos,
deixa o seu nome nos pergaminhos,
sem se importar de como a chamem,
porque Libertas Quae Serae Tamen.
