sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Falta do que fazer



Falta do que fazer


A princípio, pensei em dar título a este escrito de “falta do que fazer”. Mas ele já existe. Pensei, então, em “falta de assunto”. Mas como se a falta é o próprio assunto? Título para o que se vai escrever não falta. Principalmente se o assunto é justamente “a falta”. Podem faltar argumentos, faltar inspiração e faltar até competência, mas nunca título para “faltas”.

As faltas podem ser pessoais (individuais) ou sociais (coletivas), simples, graves, insignificantes ou gravíssimas. Abaixo alguns exemplos:

- Faltas pessoais insignificantes são faltas como a falta de sorte no jogo, a falta de cabelo na cabeça, a falta de estilo, a falta de ritmo, etc.

- Faltas pessoais simples são faltas como a falta de atenção, a falta de alegria, a falta de um bem material (um carro, por exemplo), uma falta de concentração, uma falta de consideração, etc.

- Faltas pessoais graves são faltas como a falta de esperança, a falta de respeito, a falta de caráter, a falta de escrúpulos, a falta de vergonha, a falta de higiene, a falta de saúde, a falta de um membro do corpo, etc.

- Faltas pessoais gravíssimas são faltas como a falta de um dos sentidos - da visão, da audição, do olfato, do tato, da fala e, principalmente, a falta de amor.

- Faltas coletivas e ou sociais são faltas como as falta de hospitais, de água, segurança, de habitação, de transporte, de responsabilidade, de energia elétrica, etc.

Algumas faltas são causas ou consequência de outras faltas. A falta de dinheiro pode ser causada pela falta de emprego, que pode ter sido causada pela a falta de interesse em procurar um trabalho, que por sua vez, pode ser a falta de uma condução ou de um pouco mais de esforço. A falta de vitaminas pode ser a causada pela falta de alimentos, que pode ter sido causada pela falta de chuva e ou pela falta de uma adubação correta da terra. A falta de sinalização e a falta de manutenção de uma estrada podem ter como consequência um acidente, que pode levar a vítima a óbito se a ela faltar o socorro médico, o pronto atendimento ou, simplesmente, se lhe faltar um doador de sangue compatível com o seu.

Há faltas que são contraditórias: a falta de um jogador de futebol convertida em gol pode gerar a falta de alegria para uma torcida e a de tristeza para a outra.

Muito comum, hoje em dia, são as faltas política, como a falta de organização, a falta de coordenação, a falta de controle, a falta de boa administração, a falta de competência, a falta de capacitação, a falta de expediente e com mais evidência ainda, a falta de compromisso com a população, etc.

Na cultura e nas artes, são constantes as faltas de bom gosto: - a falta de bons artistas, de bons músicos, de bons compositores, de bons poetas, etc.
Aqui, uma exceção: - com a devida permissão, veja a trova feita pelo meu amigo Olympio Coutinho:
O passageiro ao voar
treme dentro do avião
- meu senhor, é falta de ar?
- não, moça, é falta de chão.

A “falta de berço”, muitas vezes confundida com a falta de educação, não pode ser associada à falta de escola e ou a falta de professores.
Algumas faltas nos causam muita tristeza, como a falta de uma boa companhia, a falta de carinho, a falta de cooperação, de colaboração, a falta de alguém por perto (saudade), a falta de confiança e a falta de humildade que, resumindo, eu diria serem essas “faltas de coração”.

De modo geral, quase todas as faltas são desagradáveis, inclusive as mais simples como a falta de espaço (muito utilizada pelos cronistas para limitarem suas dissertações) ou a falta de tempo, que muitas vezes não passa de uma desculpa esfarrapada. Quem sabe faz a hora...

Eu sei que nesta minha relação, ficará faltando muitas faltas. E sei também que elas são consequência da minha falta inspiração. Todavia, eu não poderia faltar com a verdade, se não mencionasse aqui a falta de sono, a falta de vontade, a falta de atitude, a falta de perdão, a falta de caridade, a falta de paz, a falta de fé, a falta de uma prece e a mais significativa de todas: a falta de Deus. Esta sim: - a mais perigosa, a mais lamentável e a mais comprometedora.  

Que ela nunca nos falte!

Aliás, que não tenhamos falta de coisa alguma daquilo que precisamos nesta vida!

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