Ontem eu estava pensando em abrir mão de um certo compromisso para escrever mais uma brincadeira. Dessa vez com a palavra “dedo”. Mas logo vi que isso seria impossível, posto que ninguém consegue escrever qualquer coisa com a mão aberta. Pensei, então, mais um pouco, e conclui que poderia abrir apenas a mão esquerda e deixar a direita livre para a escrita.
Todos nós, com raríssimas exceções, temos vinte dedos – dez nas mãos e
dez nos pés. Tem pessoas que nascem com mais de cinco dedos numa mão ou num pé
e tem pessoas que perdem um ou mais de um em acidente. Deixemos os dedos dos
pés por enquanto. Nas mãos nós temos os dedos: polegar ou dedão,
indicador ou apontador, dedo médio
ou dedo do meio,
anelar ou anular e dedo mínimo
ou dedinho.
Na infância identificamos os mesmos como mindinho,
seu vizinho, pai de todos, fura bolo e o mata piolho. Muita criança aprendeu as
operações matemáticas fazendo contas com os dedos.
Separados ou combinados, nossos dedos podem
expressar muita coisa.
A junção dos dedos polegar ou dedão com o indicador
pode significar OK para algumas pessoas e uma ofensa para outras.
O dedo médio com o indicador abertos em V significa
vitória.
O dedo polegar na vertical e o indicador na
horizontal pode representar uma arma de fogo (um revólver).
Apenas o indicador em riste pode apontar uma
direção ou reforçar uma ordem. Neste caso é sempre bom lembrar que quando você
aponta este dedo para uma pessoa outros três ficam apontados para você.
Mas, onde os dedos têm maior utilidade é na língua libra
para os surdos-mudos, pois são muitas as combinações, cada uma definindo um
número, uma letra, uma expressão ou uma ação e a língua Braile para os cegos, quando
os dedos exploram, por meio da sensibilidade – do tato, o universo da leitura.
E por falar na “utilidade do dedo”, o cantor Gaúcho
da Fronteira gravou uma música com esse título.
A importância dos dedos em nossa anatomia é muito
grande. Eis alguns exemplos: para segurar uma ferramenta, um talher ou uma peça
qualquer; apertar uma tecla ou uma corda de um instrumento musical; puxar o
gatilho de uma arma de fogo; segurar um lápis, uma caneta ou um pincel etc. Os
dedos servem para escrever ou digitar um texto, como estou fazendo agora e
fazer ou receber carinhos. Os dedos servem para virar a página de um livro,
para rasgar um papel e para mover uma peça num tabuleiro de xadrez. Servem
também para coçar, para limpar os olhos, para molhar num líquido a fim de saber
se o mesmo está quente ou frio e para tampar, provisoriamente, um pequeno furo.
Ainda sobre o uso do dedo num instrumento musical, vale lembrar o verbo
dedilhar. Os dedos são tão importantes que para protegê-los, certos
profissionais precisam usarem um dedal pois, pior que uma agulhada no dedo é só
uma martelada.
Alguns ditos populares utilizaram a palavra “dedos”
para expressar ideias como: deixar escapar ou escorrer entre os dedos; escolher
a dedo; ver o dedo de alguém em alguma coisa; num estalar de dedos; cruzar os
dedos; vão-se os anéis, ficam os dedos, pôr o dedo na ferida etc.
E por falar em anéis, muita gente usa nos dedos
anéis ou alianças para demonstrar compromisso num relacionamento ou,
simplesmente como enfeite; sendo o preferido, mas não o único, o anelar, que
até recebeu nome derivado deles.
Registro aqui, também, um livro que fez muito
sucesso recentemente: O menino do dedo verde.
Uma curiosidade: dizem que quando se aponta o dedo
para uma estrela cadente nasce uma verruga neste dedo.
Alguns jogadores de futebol, ao marcarem um gol
apontam os dois dedos indicadores para o alto, talvez agradecendo a uma força
superior que o tenha ajudado.
Estava me esquecendo da pimenta dedo de moça, que
arde pouco e é muito saborosa.
Os dedos da mão humana, chamados de quirodáctilos,
principalmente o dedo oposto
aos restantes — o polegar, foram um salto evolutivo, pois permitiu aos
animais a utilização de instrumentos, com os quais podem mais facilmente
defender-se e modificar o meio ambiente (Edgar Morin, no seu O
Paradigma Perdido – a natureza humana)
Finalmente, para concluir, permita-me ser agora um
dedo-duro (gíria) - aquele (a) que delata, que faz alguma denúncia para dizer
que eu gosto muito de você. Acredito,
inclusive, que aí tem o dedo de Deus.
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