quarta-feira, 27 de abril de 2016

Falando de mesa




Falando de mesa


Não faz muito tempo que escrevi “falando de cadeira” sem fazer referência alguma à mesa. Injustiça.
Sentei-me, então, à mesa do computador para tentar encontrar algumas expressões que com ela se relacionasse.
Notei que o computador, hoje em dia, está substituindo algumas mesas, como a mesa de sinuca, a mesa de pebolim, a mesa de tênis e a mesa de jogar cartas. Graças ao Bom Deus, a mesa virtual não conseguiu substituir a mesa do almoço. E por falar em almoço, nada como uma mesa farta de frutas, doces, salgadinhos e outras delicias para a gente saborear.
Mesa farta a gente costuma ver mesmo, só em festas. Nessas ocasiões, além das comidas, temos também as bebidas que costumam deixar algumas pessoas embriagadas. Quando o seu efeito se manifesta, elas sobem e dançam em cima da mesa.
E falando, ainda, de coisas deliciosas, existe uma série de livros de receitas cujo o título é “Araxá põe a mesa” que recomendo a compra, a leitura e o uso.
Próximo da cidade de Araxá tem um lugarejo conhecido como “Morro da Mesa”, que tem muito mais de morro que de mesa.
Verdade é que existem vários tipos e modelos de mesa: - mesa grande, mesa pequena, mesa quadrada, mesa retangular, mesa oval e a mesa redonda que pode ser também uma reunião de pessoas entendidas ou abalizadas que discutem ou deliberam, em pé de igualdade, sobre determinado assunto.
Quanto ao material de que são feitas, podemos encontrar mesas de madeira, de vidro, de pedra e de plástico, entre outros. Algumas mesas possuem quatro pernas, outras três e outras apenas uma. Quando uma pessoa é muito chata, dizem que ela dá chulé até em pé de mesa.
As mesas podem ser desmontáveis, dobráveis ou de abrir.
Quanto ao lugar que ocupam, elas podem ser de canto, de centro ou de cabeceira.
Se há um tipo de mesa que eu não gosto é a mesa de passar roupa.
Sobre a mesa de trabalho eu prefiro nem comentar.
Outros tipos de mesa são: as mesas examinadoras, mesas julgadoras, mesa de discussão, mesa de apuração e as mesas das Câmara e Assembleias.
Uma mesa que tem história é aquela onde Jesus fez a sua última e Santa Ceia.
Mesas costumam ser lugares de confraternização como são as mesas de um bar e a mesa de jantar. Esta última foi motivo de inspiração para Sérgio Bittencourt compor a música “Naquela mesa” onde ele, carinhosamente, homenageou seu pai – Jacob do Bandolim. Para sentar-se à mesa de um bar e usufruir de alguns momentos agradáveis, é preciso trabalhar muito ou receber uma boa mesada.
Finalmente, vou pôr as cartas na mesa: - Quando alguém perde um jogo e tenta reverter o resultado, usando recursos, muitas vezes ilegais, diz-se que ela está tentando virar a mesa. Pena que para os casos de amor isto nunca funciona, porque...

P.S.: se você mostrar este texto para alguma pessoa, devo-lhe dizer que vou esconder debaixo da mesa de vergonha.

Congressual



Congressual


Quando, pela manhã, pego meu jornal e abro
para ler as notícias do mundo, de modo geral,
deparo com cenas de um congresso macabro
que envergonha nosso país de forma surreal.

Por favor, abaixem para mim este candelabro;
acho que eu estou com sério problema visual.
Aquilo ali virou mesmo verdadeiro descalabro.
Ou ofender, cuspir, desacatar agora é natural?

Que reação teria Itamar Franco e Célio Borja
presenciando o comportamento dessa corja?
E o que faria vendo tudo isso o Rui Barbosa?

Diante dessa Câmara corrupta em polvorosa,
talvez, clamassem em gesto simples e gentil:
- Deus, salve este país querido. Salve o Brasil!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Bicho carpinteiro




Se tem uma profissão ou hobby que eu sempre quis praticar foi a de marceneiro. Trabalhar com ou na madeira é coisa que me faz bem.
Na semana passada, a caminho da roça, vi uma árvore tombada às margens da estrada. Lembrei-me então do meu amigo de infância Paulo Pereira, irmão de Penélope (Pepê). A última vez que eu encontrei com ele foi em dezembro do ano passado, visitando o presépio do pipiripau.
Paulo Pereira é conhecido na roda de amigos pelo apelido carinhoso de “Pape”.
Ele é um grande carpinteiro (um varapau) e seus trabalhos são reconhecidos por muita gente mundo afora, pela qualidade e pela beleza, inclusive, por este que vos fala. O homem é bom pra dar com pau.
Já tive a oportunidade de ver os trabalhos de Pape numa exposição. Uma mesa e dois bancos que ele fez de ipê, um baú de angico, uma cama de mogno e um oratório feito de jatobá.
Atualmente, Pape está fazendo uma cômoda e uma penteadeira de jacarandá, com uma moldura toda torneada para presentear sua futura esposa, dona Janaína, que eu ainda não conheço.
Pape, como dizem seus amigos, “é pau pra toda obra”. Só não gosta é de ser incomodado enquanto está trabalhando. Certa feita, sua irmã, Pepê, quis meter a colher de pau no seu trabalho (dar palpite) e aí, como costumam dizer lá no Paraná: - O pau caiu a folha, ou seja: o pau comeu pra valer.
Mas você sabe que em briga de família ninguém ganha. Fica pau-a-pau. Aliás, briga é ruim de qualquer jeito.
Numa outra vez, foi um desconhecido que quis meter o pau (falar mal) de um trabalho que ele estava fazendo. Se não me falha a memória, era uma gamela para fazer média com a sogra. O pau comeu solto. O, então, desconhecido levou um pau que não irá esquecer nunca mais.
Outro que quase apanhou de pau foi o Marcondes. Este eu não lembro o motivo.
Sorte de muita gente é que Pape ainda não comprou um pau-de-fogo – um revolver.
Pape é uma pessoa muito boa. O que não se pode fazer é desqualificar o seu trabalho, porque aí ele fica nervoso e chuta o pau da barraca.
Apesar de nervosismo e de trabalhar muito, Pape gosta de jogar truco com os amigos e de lembrar a vez que ganhou uma queda, quando na última rodada, saiu só com um Ás, um Dois e um Três de paus.
Eu sempre falo com ele para não ficar esquentando muito a cabeça, porque cabeça quente para pau-de-fósforo que, além de esquentar a cabeça ainda queima no golpe.
Na minha casa eu tenho um guarda-roupas que ele fez para mim de jacarandá. Como, agora estou precisando de uma escada e vou procurá-lo neste final de semana.
Um fato interessante que Pape conta como grande vantagem foi quando ele tinha 12 anos e conseguiu ganhar um bom prêmio em dinheiro, subindo num pau-de-sebo.
Outro fato interessante, ou melhor: dantesco, é o fato dele já ter feito um caixão para si mesmo e uma cruz com madeira de lei para ser afixada na cabeceira de sua sepultura, quando ele morrer.
E por falar em morrer, Pape, tem paúra (medo em italiano) da morte, motivo pelo qual ele tem rezado, diariamente, para uma tal santinha do pau-oco.
E por estar se tornando uma pessoa famosa – um grande artista, já tem gente aproximando-se dele com um pau de selfie para tirar uma foto com ele. Pape não entende nada. Fazer o quê?
Pape era muito pobre. Pobre não, paupérrimo. Morou numa casa de pau-a-pique quando criança, lá no nordeste. Depois que veio para Minas Gerais num pau-de-arara, onde construiu uma casa com o madeiramento todo de peroba rosa, apesar dele gostar mais de trabalhar com pau d’alho. Ele diz que é mais resistente. Disso eu não entendo, nada.
Fato curioso é que Pape nunca aprendeu dançar mas gosta de ver a gauchada dançando a chula. Aquela dança que eles ficam pulando sobre um pau, no chão do galpão.
Mas, nem tudo tem dado certo para meu amigo carpinteiro. Noutro dia ele, na maior cara de pau, ele cantou a noiva do vizinho. Quando ouviu do mesmo: - vou lhe mostrar com quantos paus se faz uma canoa, Pape caiu no mato. Essa bateu no pau, desculpa-me, no travessão. Meu amigo se viu no pau-da-goiaba.
Tem uma coisa que eu e Pape não combinamos. Pape gosta de rock pauleira. Eu não.
O sonho de Pape, agora, é conseguir um pau-brasil, torneá-lo e doá-lo à escola para servir como pau-da-bandeira.
Pape não é e nunca foi um pau d’água mas, às vezes que bebe e tenta fazer um trocadilho, que não é a sua a praia. Numa assembleia, lá no sindicato dos madeireiros, quando o presidente disse que iria ler a pauta da reunião, ele fez um trocadilho que não posso repetir aqui, agora. Quando um membro pediu ao presidente para falar mais devagar, paulatinamente, ele fez outro. Sem comentários. Detestável é o nome que o proprietário de uma madeireira deu para a sua empresa, ali no Barreiro: Principau 
Agora vou ter que parar. Estou pensando em ajeitar meus pauzinhos para arrumar um emprego lá perto de casa.
P.S.: Não sei quem pediu para escrever isto. Como eu sou pau-mandado...

Matei a pau...

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Você não vai acreditar



Você não vai acreditar


Acredito que o ato de acreditar seja sempre subjetivo.
Geralmente, para se acreditar em algo é preciso que esse algo sensibilize de algum modo os nossos sentidos (visão, audição, olfato, tato ou amor).
Só acreditamos que um bolo é macio quando o apalpamos, que uma flor tem perfume quando a cheiramos, que uma coisa é bela quando a olhamos, que uma música é bonita quando a ouvimos, que uma fruta é saborosa quando a provamos. Agora, acreditar no amor é diferente. Envolve um olhar, uma voz, um abraço, um beijo, uma química e muito mais.
A “arte” de acreditar é bastante complexa. Estamos quase sempre dispostos a acreditar mais naquilo que vemos e que sentimos do que naquilo que não vemos e ou não sentimos.
Por exemplo: - Há pessoas que não acreditam em Deus - Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas... (sem comentários), mas acreditam em horóscopos. Outras há que acreditam em discos voadores, mas não acreditam na vida após a morte do corpo físico; acreditam na sorte, mas não acreditam que o homem foi à lua.
De tudo que se pode acreditar ou deixar de acreditar, o mais difícil, hoje em dia, é o acreditar nas pessoas. Muitas vezes, acreditamos nelas por algum período de tempo e depois não mais.
Tem gente que fala uma mentira de forma tão convincente que nos faz acreditar tratar-se de uma verdade, enquanto outras falam uma verdade de maneira tão irônica ou infantil que achamos que ela esteja mentindo.
Se existe, hoje em dia, pessoas em quem, por vezes, podemos acreditar, essas pessoas são as crianças. Dificilmente, elas falam mentiras.

Uma classe de pessoas difícil de se acreditar, atualmente, são nossos políticos brasileiros.
Certo é que, a pessoa em que devemos acreditar, primeiramente, é em nós mesmos.

Buda dizia: “Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o.”

Algumas pessoas costumam nos fazer acreditar que algo seja verdadeiro, repetindo-o várias vezes. Cuidado com elas.
Podemos acreditar ou não em coisas ditas e ou acontecidas em tempos remotos. Palavras, manuscritos, fenômenos naturais, etc. Mas nem sempre essas coisas são verdadeiras ou aconteceram de fato.
Havia na televisão, não sei se ainda há, um programa que mostrava fatos que pareciam impossíveis de terem acontecidos e cujo o nome era “Acredite se quiser”.
É provável, também, que muitas pessoas, acreditando numa mesma situação, projetem vibrações nesse sentido, prevendo que ela vá ocorrer. Um exemplo disso: uma procissão, onde os devotos oram pedindo chuva. Outro é a torcida do Atlético Mineiro, em jogo da Copa América, gritando: “Eu acredito, eu acredito...”
E o que dizer de acreditar em milagre? Pessoas que voltam a recuperarem a saúde depois de serem desenganadas pelos médicos.
Albert Einstein já dizia: “Há duas formas para viver a vida: Uma é acreditar que não existe milagre; a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.”
Acreditar com convicção é ter fé e acreditar desacreditando é duvidar.
Silvio Santos, em seu programa dominical, costumava brincar de São Tomé dizendo: - Eu só acredito vendo!
Triste mesmo é acreditar em alguma coisa ou na promessa de alguém e essa coisa não acontecer ou essa pessoa não cumprir o prometido. Resultado: - decepção.
Atualmente, eu tenho procurado acreditar;
- que o país vai sair fortalecido dessa crise,
- que a confiança nas instituições vai prevalecer,
- que o mosquito da dengue vai ser exterminado,
- que o América vai permanecer na 1ª divisão do Brasileirão,
- que eu vou ganhar na mega-sena,
- que nossa juventude pode e vai fazer melhor – podes crer,
- que o bem vai vencer o mal, e
- que dias melhores virão.
Finalmente numa coisa muito importante que tenho para lhe dizer e que eu acho que você não vai nem acreditar: é que eu gosto muito, muito mesmo de você.
Abraços.


Ary Viotti

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Impeachment




Eu sou a favor do impeachment.
Uma mulher que:
- grampeou os meus sonhos,
- assaltou a minha intimidade,
- prometeu-me carinhos e não entregou-me,
- locupletou-se dos meus abraços e beijos,
- fraudou a minha confiança,
- desviou os meus projetos de felicidade,
- foi cúmplice das minhas lembranças,
- roubou a minha inspiração,
- descumpriu a Lei de Responsabilidade afetiva,
- fez da “minha Causa, minha Vida” uma ilusão,
- demitiu as minhas ideias,
- subornou os meus sonhos,
- revogou a minha poesia,
- disse que era golpe todo o carinho que eu a dedicava,
- extraviou as minhas esperanças,
- desestabilizou os meus desejos,
- corrompeu os meus sentimentos,
- arquivou o meu sorriso,
- deu pedaladas no meu coração,
- exonerou o meu amor,
- decretou o fim da minha alegria,
Não pode governar a minha vida.
Impeachment já!