Boca’s
Era uma vez um casal que tinha quatro filhos: Bernardo, Otávio, Cláudia e Aline.
A mãe esperava outra criança que, se fosse mulher,
iria se chamar Sandra.
Utilizando-se das iniciais destes nomes, alguém
resolveu denominar a referida família de “Família dos BOCAs”.
Bernardo, o mais velho, era um “boca de gole”, desbocado e tinha o apelido de Boca Murcha. Frequentava
uma boca da pesada
(Boca de fumo,
mesmo) e vivia pedindo aos amigos um trocado para tomar cafezinho. Dizia ele que
era para fazer boca de
pito. Gostava de usar calça
boca de sino e de entrar em festas “boca livre”. Seu irmão Otávio dizia: - “não vai
demorar muito e o Bernardo vai amanhecer com a boca cheia de formiga”. Certa feita, Bernardo envolveu-se
numa grande confusão e, depois de longo bate-boca, levou um soco na boca do estômago e
precisou ir para o hospital.
Otávio também não era lá muito santo, não. Foi pego
com a boca na botija
quando fazia boca de urna
para uma candidata, nas últimas eleições. Gostava de cantar músicas do Paulinho Boca de Cantor
mas, a que os amigos mais pediam para ele cantar era “Morena boca de ouro” do Ary Barroso.
Otávio era muito rigoroso nos seus negócios e qualquer
coisa que alguém fizesse que não o agradasse, ele botava a boca no trombone. Aliás, colocava-a,
também, no sentido literal da palavra pois, o trombone foi um instrumento que
ele aprendeu tocar quando ainda criança mas, por algum motivo que
desconheço, com o tempo ele perdeu
a embocadura e não tocou mais. A última notícia que tive de Otávio foi
que ele estava participando de uma manifestação na Boca Maldita em Curitiba – PR. Um fato
triste na vida de Otávio foi o dia em que caiu numa boca-de-lobo, quebrando a perna e pôs a boca no mundo a
chorar. Finalmente, um dado de pouca importância: - Otávio é torcedor do Boca Júnior, da
Argentina.
Agora, as meninas.
Claudia toda a vida foi uma menina muito traumatizada.
Tinha uma boca enorme, o que lhe rendeu, por longo tempo, o apelido de “boca de gamela”. Os
vizinhos, maldosamente diziam que ela conseguia colocar um charuto atrás
(sobre) a orelha sem usar as mãos, dado o tamanho da sua boca. Era muita
maldade, no meu modo de ver.
Diziam, também, à boca pequena (à boca miúda) que Cláudia, na boca da noite, fazia umas boquinhas extras,
depois do expediente. A confirmar. O que se sabe é que, com seis anos de idade
Cláudia já gostava de dançar “na
boquinha da garrafa”.
Já, Aline era mais séria; o que não impediu que ela
também recebesse o triste apelido de “Boca de chupar ovo”. Aline ensinava seus irmãos a não falarem com a boca cheia,
o que era muito bom pois, os irmãos de Aline só abriam a boca para falar besteiras. Influenciada
pela novela da Rede Globo, Boka
Loka, ela comprou e passou a usar um batom de mesmo nome, deixando
muitos vizinhos de boca
aberta.
Aline era uma cozinheira e tanto. Não era uma
cozinheira meia-boca,
não. Tanto é verdade que ela foi convidada para trabalhar numa lanchonete da Boca do Forno, em Belo
Horizonte. Só de pensar em seus pães de queijo eu fico com a boca cheia d’água.
Uma curiosidade: - Adriano, um rapaz de 17 anos, se
apaixonou por Aline e, vendo que não conseguia conquistá-la, fotografou-a sem
que ela percebesse e supersticiosamente costurou o seu retrato na boca do sapo. Vai
entender!
Essa família era mesmo boca quente.
Finalmente, vou lhe dizer uma coisa, em particular,
mas, por favor, não conte para ninguém: - boca de siri. Essa família nunca existiu. Tudo que
eu escrevi e falei até aqui,
foi só da boca pra fora.
Afinal, o importante não é o que entra pela boca do homem, mas o que sai da
boca, do homem (Mateus 15:11). Além disso, boca fechada não entra (ou não sai?) mosquito,
porque está mais que provado que o peixe morre é pela boca.
Você, também, não acha isto mais justo que boca de bode?
Obs.: Eu queria mesmo era parar de ficar escrevendo estas
baboseiras todas mas, como diz o ditado: - o uso do cachimbo deixa a boca torta.
Pelo amor de Deus , continue escrevendo
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