terça-feira, 30 de junho de 2015

Boca's



Boca’s



Era uma vez um casal que tinha quatro filhos: Bernardo, Otávio, Cláudia e Aline.
A mãe esperava outra criança que, se fosse mulher, iria se chamar Sandra.
Utilizando-se das iniciais destes nomes, alguém resolveu denominar a referida família de “Família dos BOCAs”.
Bernardo, o mais velho, era um “boca de gole”, desbocado e tinha o apelido de Boca Murcha. Frequentava uma boca da pesada (Boca de fumo, mesmo) e vivia pedindo aos amigos um trocado para tomar cafezinho. Dizia ele que era para fazer boca de pito. Gostava de usar calça boca de sino e de entrar em festas “boca livre”. Seu irmão Otávio dizia: - “não vai demorar muito e o Bernardo vai amanhecer com a boca cheia de formiga”. Certa feita, Bernardo envolveu-se numa grande confusão e, depois de longo bate-boca, levou um soco na boca do estômago e precisou ir para o hospital.
Otávio também não era lá muito santo, não. Foi pego com a boca na botija quando fazia boca de urna para uma candidata, nas últimas eleições. Gostava de cantar músicas do Paulinho Boca de Cantor mas, a que os amigos mais pediam para ele cantar era “Morena boca de ouro” do Ary Barroso.
Otávio era muito rigoroso nos seus negócios e qualquer coisa que alguém fizesse que não o agradasse, ele botava a boca no trombone. Aliás, colocava-a, também, no sentido literal da palavra pois, o trombone foi um instrumento que ele aprendeu tocar quando ainda criança mas, por algum motivo que desconheço, com o tempo ele perdeu a embocadura e não tocou mais. A última notícia que tive de Otávio foi que ele estava participando de uma manifestação na Boca Maldita em Curitiba – PR. Um fato triste na vida de Otávio foi o dia em que caiu numa boca-de-lobo, quebrando a perna e pôs a boca no mundo a chorar. Finalmente, um dado de pouca importância: - Otávio é torcedor do Boca Júnior, da Argentina.
Agora, as meninas.
Claudia toda a vida foi uma menina muito traumatizada. Tinha uma boca enorme, o que lhe rendeu, por longo tempo, o apelido de “boca de gamela”. Os vizinhos, maldosamente diziam que ela conseguia colocar um charuto atrás (sobre) a orelha sem usar as mãos, dado o tamanho da sua boca. Era muita maldade, no meu modo de ver.
Diziam, também, à boca pequena (à boca miúda) que Cláudia, na boca da noite, fazia umas boquinhas extras, depois do expediente. A confirmar. O que se sabe é que, com seis anos de idade Cláudia já gostava de dançar “na boquinha da garrafa”.
Já, Aline era mais séria; o que não impediu que ela também recebesse o triste apelido de “Boca de chupar ovo”. Aline ensinava seus irmãos a não falarem com a boca cheia, o que era muito bom pois, os irmãos de Aline só abriam a boca para falar besteiras. Influenciada pela novela da Rede Globo, Boka Loka, ela comprou e passou a usar um batom de mesmo nome, deixando muitos vizinhos de boca aberta.
Aline era uma cozinheira e tanto. Não era uma cozinheira meia-boca, não. Tanto é verdade que ela foi convidada para trabalhar numa lanchonete da Boca do Forno, em Belo Horizonte. Só de pensar em seus pães de queijo eu fico com a boca cheia d’água.
Uma curiosidade: - Adriano, um rapaz de 17 anos, se apaixonou por Aline e, vendo que não conseguia conquistá-la, fotografou-a sem que ela percebesse e supersticiosamente costurou o seu retrato na boca do sapo. Vai entender!
Essa família era mesmo boca quente.
Finalmente, vou lhe dizer uma coisa, em particular, mas, por favor, não conte para ninguém: - boca de siri. Essa família nunca existiu. Tudo que eu escrevi e falei até aqui, foi só da boca pra fora.
Afinal, o importante não é o que entra pela boca do homem, mas o que sai da boca, do homem (Mateus 15:11). Além disso, boca fechada não entra (ou não sai?) mosquito, porque está mais que provado que o peixe morre é pela boca.
Você, também, não acha isto mais justo que boca de bode?
Obs.: Eu queria mesmo era parar de ficar escrevendo estas baboseiras todas mas, como diz o ditado: - o uso do cachimbo deixa a boca torta.


Um comentário: