A pequenez do tudo
Revendo meus papéis guardados, encontrei num recorte
de jornal um artigo cujo título é “A grandeza do nada”. Contrapondo ao mesmo,
decidi então escrever “A pequenez do tudo”. O “tudo”, em minha opinião, é
relativo. Relativo no tempo, no espaço e de pessoa para pessoa. Talvez, tenha
sido este o motivo pelo qual Caetano Veloso cantou: “tudo certo como dois e
dois são cinco”. Quando encontramos um amigo que há tempo não víamos, a
primeira pergunta que fazemos é: Como vai você, tudo bem? E a resposta quase
sempre é positiva. Mas a gente sabe que nem sempre com todos esteja tudo bem.
Aliás, ao cumprimentamos alguém, perguntamos também se está tudo azul, tudo
beleza, tudo legal, tudo em cima, etc. Já na despedida, a gente costuma desejar
tudo de bom, muito embora, também, essas palavras sejam ditas, comumente, sem
qualquer sentimento. O uso do pronome indefinido tudo é bastante abrangente.
Ele é usado em várias expressões, ditos e ou provérbios populares. Quando se
diz que tudo que é bom dura pouco eu fico imaginando se tudo que é ruim dura
muito. Acredito que não. Outra expressão muita usada é: - tudo tem a sua hora
de acontecer. Será? Outras ainda: - tudo que vem fácil vai embora facilmente;
tudo que é demais é prejudicial, o silêncio diz tudo e tudo que sobe um dia
desce. Desse eu tenho minhas dúvidas. Tem muita sonda que foi lançada no espaço
e se perdeu numa órbita qualquer. Quem nunca escutou alguém dizendo: - isto é
tudo o que eu mais queria ou isto era tudo que eu mais quero. Um ex-colega de
trabalho, para reclamar da quantidade de serviço a ele atribuída costumava
exclamar: - tudo eu, tudo eu! Algumas pessoas, querendo dar ênfase de que algo
está completo costumam repetir esse pronome umas três vezes: tudo, tudo, tudo.
Outras preferem usar um diminutivo que não existe, qual seja: “tudinho”. É bom
lembrar que o advérbio sobretudo não tem nada a ver com o pronome tudo. Ele
quer dizer: principalmente ou especialmente. Também a conjunção contudo quer
dizer no entanto ou não obstante. A letra de uma música - “Alza Monoelita” diz
“tudo na vida tem fim”. A própria vida, aqui na terra, tem um fim. Tudo indica
ou apesar de tudo, que estas coisas que escrevo um dia também terão seu fim.
Acho que já escrevi coisas que tinham tudo a ver. Agora penso que o que escrevo
é tudo em vão. Tudo porque acredito que pouca gente consegue lê-las tudo até o
fim. Por tudo isso é que vou parar e desde já pedir desculpas por tudo e por
muito mais. Pela paciência que você teve para ler tudo isto. E finalizo com
outro provérbio que diz: - “para tudo nesta vida tem solução; só não tem
solução para a morte”. Talvez, porque a morte seja a solução, solução esta que
eu não quero ter. Pelo menos, por enquanto, para resolver.
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