Cai, cai
Cair
de e ou cair na (o) quase sempre é ruim. Senão vejamos:
- cair de costas, cair de joelhos,
cair de quatro, cair de cabeça, cair de barriga, cair de bunda, cair pra trás, cair
de banda, cair de bêbado, cair de sono, cair de cama, cair da cama, cair de
preguiça, cair do alto, etc. Pior que isso tudo talvez seja cair morto. Agora,
caindo para o lado da brincadeira, tem gente que vive caindo, tem gente que cai
devagar, tem gente que cai de vez, tem gente que cai de maduro, tem gente que cai
de podre e tem gente que cai porque alguém a empurrou.
Certo
é que ninguém gosta de cair. Ninguém gosta de cair no conto do vigário, de cair
na conversa de malandro, de cair numa esparrela, de cair numa armadilha, de cair
numa arapuca, de cair na (rede) da malha fina da Receita Federal (Imposto de
Renda), de cair nas mãos da Justiça, etc.
E,
muitas vezes, para não cair como um patinho é preciso ter cuidado e não se
deixar cair na tentação, de cair na perdição e ou de cair na descrença porque
aí você pode acabar mesmo é caindo na merda. Melhor cair no descaso, cair no
esquecimento, cair no mato ou cair no trecho, como diz o peão de obra, que cair
numa dessas besteiras.
Há
casos em que cair é bom. Cair na graça do povão, cair na farra, cair na folia,
cair na gandaia e, quando ganhamos um bom prêmio, costumamos dizer: - esse prêmio
caiu das nuvens ou esse prêmio caiu do céu. Nesse caso, o cair sempre cai bem.
Eu
estava caidinho por uma menina e pensei que escrevendo algo que nunca fosse cair
em desuso (brincadeiras) eu a deixaria de queixo caído e, assim talvez ela caísse
no meu anzol, caísse no meu laço ou, se preferir, que eu caísse na graça dela e
ela caísse nos meus braços. Aí, como costuma dizer um amigo meu, eu iria cair
matando. Eu iria cair de boca, como dizia outro amigo. Era cair a sopa no mel
como diz uma expressão popular. Mas os meus planos caíram por terra. Ela, mal
começou a ler o que eu havia escrito e caiu de pau para cima de mim. Caiu como
um raio. Caiu como uma bomba na minha cabeça. E não adiantava eu querer explicar
que ela não me ouvia ou não queria me ouvir. Eu escapava do espeto e caía na
brasa. Lá fora a noite caía e uma chuva fina, em forma de orvalho, caía também.
Fiquei pensando comigo mesmo: - ela ainda vai cair daquele pedestal. Ela ainda vai
cair em si e vai ficar por aí sozinha caindo pelas tabelas. Não é o que eu
desejo. E, com toda certeza eu também não quero e não vou cair mais em outra
cilada como essa.
Finalmente,
eu aprendi que é caindo que a gente aprende a se levantar.
Posso
garantir que, apesar dos pesares, desta vez eu caí de pé e não como noutro dia quando
caí sem graça na rua, lá perto de casa. Sorte minha que não tinha ninguém por
perto para cair na risada.
Dedicado
à minha afilhada Camila que tem um “cai” legal – Cai-o César.
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