Dizem que quem bate esquece;
quem apanha não.
Tenho cá, minhas dúvidas.
Eu, por exemplo, nunca
esqueci às vezes que:
- bati laje,
- bati enxada,
- bati estaca,
- bati concreto,
- bati feijão (não no
prato),
- bati o carro,
- bati com o dedinho do pé
da mesa,
- bati com a cara na porta,
- bati cabeça atrás de um
bom emprego,
- bati palmas para quem não
tinha talento,
- bati prego sem estopa,
- bati bola no horário de aula,
- bati continência para quem
não merecia,
- bati de frente contra quem
só queria ajudar-me,
- bati roupa no tanque, (“de grupo”! Nunca bati nada disso),
- bati o ponto atrasado (já
tinha batido o sino; já tinha batido as horas),
- bati, sem sucesso, atrás
de alguém que pudesse emprestar-me alguns trocados,
- bati boca com quem não
valia a pena trocar ideias,
- bati uma falta na trave, (futebol) quando o meu time precisava vencer,
- bati a campainha na casa
do vizinho e saí correndo,
- bati com força quando
deveria ter batido de leve e vice-versa,
- “bati na cangalha” para
alertar uma pessoa sobre o que ela deveria fazer etc.
Assim como nunca quero
lembrar quando:
- bateram-me a carteira,
- bateu-me um cansaço e eu ainda
tinha muita coisa para fazer,
- bateu-me um sono na hora
em que eu mais precisava estar desperto,
- bateu-me um remorso (e
esse bate sem dó),
- bateu-me a inspiração e eu
não tive como registrá-la,
- bateu-me uma saudade
contundente, deixando meu coração a bater tresloucadamente,
- “bateu asas” a mulher que eu
gostava tanto. Nesse dia, quase que “bati as botas; quase que bati com as
quatro”. Fiquei deveras abatido. (trocadilho intencional)
Naquele dia e decidi, então,
bater um suco de maracujá para acalmar-me, mas acabei mesmo foi tomando uma
batida de limão que quase me deixou detido numa batida de trânsito.
Não sei por que ainda
insisto em escrever essas coisas que a ninguém interessa. Não sei por que insisto
em ficar batendo na mesma tecla.
Finalmente, meu receio é de que
alguém possa se chatear com tudo isto que acaba de ler e vir querer me bater de
fato.
Com certeza, nessa hora, a
única coisa que vou fazer é bater em retirada.
Tem gente que bate, rebate,
combate, embate e não se abate.
Dedicado ao meu amigo Dr. Valdir Madureira Leão com
quem já bati bons papos.
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