sábado, 8 de maio de 2021

Aposentado, longe do batente

 


Aposentado, longe do batente

 


Dizem que quem bate esquece; quem apanha não.

Tenho cá, minhas dúvidas.

Eu, por exemplo, nunca esqueci às vezes que:

- bati laje,

- bati enxada,

- bati estaca,

- bati concreto,

- bati feijão (não no prato),

- bati o carro,

- bati com o dedinho do pé da mesa,

- bati com a cara na porta,

- bati cabeça atrás de um bom emprego,

- bati palmas para quem não tinha talento,

- bati prego sem estopa,

- bati bola no horário de aula,

- bati continência para quem não merecia,

- bati de frente contra quem só queria ajudar-me,

- bati roupa no tanque, (“de grupo”! Nunca bati nada disso),

- bati o ponto atrasado (já tinha batido o sino; já tinha batido as horas),

- bati, sem sucesso, atrás de alguém que pudesse emprestar-me alguns trocados,

- bati boca com quem não valia a pena trocar ideias,

- bati uma falta na trave, (futebol) quando o meu time precisava vencer,

- bati a campainha na casa do vizinho e saí correndo,

- bati com força quando deveria ter batido de leve e vice-versa,

- “bati na cangalha” para alertar uma pessoa sobre o que ela deveria fazer etc.

Assim como nunca quero lembrar quando:

- bateram-me a carteira,

- bateu-me um cansaço e eu ainda tinha muita coisa para fazer,

- bateu-me um sono na hora em que eu mais precisava estar desperto,

- bateu-me um remorso (e esse bate sem dó),

- bateu-me a inspiração e eu não tive como registrá-la,

- bateu-me uma saudade contundente, deixando meu coração a bater tresloucadamente,

- “bateu asas” a mulher que eu gostava tanto. Nesse dia, quase que “bati as botas; quase que bati com as quatro”. Fiquei deveras abatido. (trocadilho intencional)

Naquele dia e decidi, então, bater um suco de maracujá para acalmar-me, mas acabei mesmo foi tomando uma batida de limão que quase me deixou detido numa batida de trânsito.

Não sei por que ainda insisto em escrever essas coisas que a ninguém interessa. Não sei por que insisto em ficar batendo na mesma tecla.

Finalmente, meu receio é de que alguém possa se chatear com tudo isto que acaba de ler e vir querer me bater de fato.

Com certeza, nessa hora, a única coisa que vou fazer é bater em retirada.

Tem gente que bate, rebate, combate, embate e não se abate.

 

Dedicado ao meu amigo Dr. Valdir Madureira Leão com quem já bati bons papos.

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