segunda-feira, 10 de maio de 2021

Chororô

 

 

Definitivamente, não conheço ninguém que nunca tenha chorado nesta vida. Mesmo porque, a primeira coisa que fazemos ao nascer é chorar.

Choramos por vários motivos e, às vezes, até mesmo sem motivos.

Choramos de emoção por uma vitória difícil; vitória essa que pode ser nossa ou de um amigo, ou de um familiar ou de um time. Não importa. Choramos, também, de tristeza numa derrota ou num fracasso.

Há vários tipos ou modos de chorar. Tem gente que chora alto, tem gente que chora baixinho (choraminga) e tem gente que chora lágrimas de crocodilo, ou seja: fingem que estão chorando; fingem que estão sentindo e sofrendo.

Tem gente que chora pouco e tem gente que chora muito – chora as pitangas, chora de fazer bicas ou chora copiosamente.

Não existe dia, hora e ou lugar para se chorar. Chora-se ouvindo uma música ou assistindo a um filme triste, etc. Muita gente chora escondido, mas o local onde se vê mais gente chorando é num velório. E por falar em velório, o que dizer daquelas pessoas que antigamente eram pagas para chorarem à beira dos caixões? As carpideiras.

O choro mais comum é o choro de dor, que pode inclusive ser a dor de outrem. Temos ainda, o choro de dó, de compaixão, que é muito comum quando acontece uma catástrofe.

Não há nada mais triste que ver uma criança chorando de fome e ou de frio, não obstante, muitas são fingidas e choram por pirraça para ganharem alguma coisa.

Tem gente que chora de vergonha e tem gente que tem vergonha de chorar.

O choro pode, também, ser provocado por um fator externo, como o cortar de uma cebola ou um cisco que penetrou no olho.

O dito popular “quem chora desabafa” teve sua origem na frase de Sêneca (65 AC): “o choro alivia a alma”. E por voltar no tempo, vale a pena lembrar o texto bíblico que diz: “Haverá choro e ranger de dente”. Tô fora!

Você sabia que a árvore de nome salgueiro é conhecida também pelo nome de chorão?

Não me lembro, aqui, agora, de animais que choram. Apenas do peixe mandi-chorão que sai das águas emitindo um som. Os pescadores dizem que ele está chorando por ter sido pescado. Será?

Mas, onde o choro se faz mais presente mesmo é na música. Tanto que foi criado um estilo de música chamado chorinho, cujos instrumentistas são denominados chorões. Eu poderia citar centenas de músicas onde aparece em alguma parte da música o verbo chorar. Mencionarei apenas as seguintes: Não chores por mim, Argentina; Porque choras saxofone? de Severino Rangel, mais conhecido por Ratinho; Choro chorado, de Paulinho Nogueira; Quero chorar, de Milton de Oliveira e Max Bulhões; Três lágrimas, de Ary Barroso e Chora viola, de Tião Carreiro e Pardinho.

E é ouvindo certas músicas que muita gente começa a chorar. Geralmente, de saudades ou de paixão. Fazer o quê? O choro é livre, diz o dito popular.

Não sei bem por que, mas lembrei-me, também, agora de uma cachaça chamada “Chora na Rampa”. Esqueça.

Expressões envolvendo o choro são muitas. “Não pode ver defunto sem chorar”, “Homem não chora”, “Chorando de barriga cheia”, Chorar o leite derramado, etc. Certo é que tem muita gente que chora à toa, tem muita gente que chora por qualquer coisa e tem muita gente que chora só porque vê outra pessoa chorando.

Eu sei que ao acabar de ler este texto, muita gente vai chorar de raiva, (chorar de soluçar) pelo tempo perdido. Não tem importância, pois eu sei que outras vão chorar de alegria, como minhas colegas de trabalho, pois elas sabem que estou me aposentando e não terão mais “coisas” deste tipo para lerem.

Bem, chega e chororô. É melhor rir do que chorar.

Vamos trabalhar que a aposentadoria só no mês que vem.

 

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